Agência Estado
postado em 22/03/2019 10:14
O dólar segue pressionado para cima por aversão ao risco com a reforma da Previdência e nos mercados internacionais em meio a receios renovados de desaceleração global e de recessão nos EUA, de acordo com operadores do mercado. Protestos de rua contra a reforma da Previdência estão marcados para esta sexta-feira, 22, no País e serão monitorados pelo mercado para avaliar o grau de adesão da população às manifestações.
O investidor opera na defensiva temendo sobretudo os desdobramentos dos ruídos entre o presidente da Câmara e o ministro da Justiça Sérgio Moro. Irritado com os ataques que tem recebido nas redes sociais, com a falta de articulação do governo e com os recentes embates com o ministro da Justiça, Sergio Moro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaçou se afastar da articulação pela reforma da Previdência, pelo menos por enquanto, segundo relato de aliados.
Maia afirmou a interlocutores não entender porque o núcleo do governo não o defendeu e deixou os ataques aumentarem se ele estava ajudando na articulação. Maia fez questão de enfatizar que quem pediu urgência na tramitação da proposta da Previdência foi o próprio presidente Jair Bolsonaro. Líderes governistas avaliaram que o afastamento de Maia mina um dos únicos canais de interlocução que o Congresso ainda tinha com Planalto.
O movimento de Maia começou a gerar reações. Os líderes do Centrão, já insatisfeitos com a proposta da Previdência para os militares, aproveitaram o clima para rejeitar a relatoria da PEC da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
No Chile, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista ao jornal El Mercurio, que a sociedade brasileira tem maturidade hoje para uma reforma da Previdência e que cabe aos parlamentares aperfeiçoar e aprovar a proposta enviada ao Congresso.
No exterior, o achatamento da curva de rendimentos dos Treasuries gerou novos temores de recessão nos Estados Unidos nesta manhã. Após dados abaixo do esperado no Japão, na Alemanha e na zona do euro, investidores optaram pela compra de títulos americanos de prazo mais longo, levando o spread entre os retornos dos títulos de três meses e de dez anos a menos de 1 ponto-base. Essa é a principal relação acompanhada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para indicar possíveis recessões econômicas em solo americano.
Às 9h47, o dólar à vista estava em alta de 1,69%, em R$ 3,8647. O dólar futuro de abril subia 1,91%, aos R$ 3,8660.