Economia

Ministro de Minas e Energia diz que socorro a Roraima vai custar R$ 1,9 bi

Estado é o único do país não conectado ao Sistema Interligado Nacional e era abastecido pela Venezuela, que deixou de cumprir o contrato desde 7 de março, quando sofreu um apagão

Simone Kafruni
postado em 26/03/2019 15:09
À mesa, em pronunciamento, ministro de Estado de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, nesta terça-feira (26/3), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o socorro para garantir o abastecimento de Roraima vai custar R$ 1,9 bilhão a mais para os consumidores brasileiros. O estado é o único do país a não estar conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e era abastecido pela Venezuela.

Em forte crise, no entanto, o país vizinho não tem cumprido o contrato de fornecimento de energia para Roraima desde 7 de março, quando sofreu apagão. Por conta disso, segundo Albuquerque, o país está despachando termelétricas a óleo diesel, que geram a energia mais cara do mercado. ;Todos os consumidores brasileiros terão que pagar R$ 1,9 bilhão ao longo do ano, porque estamos gerando 210 megawatts (MW) apenas de térmicas a diesel;, disse. E no setor elétrico, a conta é sempre rachada entre todos.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) explicou que, segundo estimativas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para o orçamento da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) de 2019, a diferença entre o custo anual de operação do sistema elétrico de Boa Vista com a importação da Venezuela - estimada em 30 megawatts (MW) médios durante o dia e 120 MW médios durante a noite - e sem a energia do país vizinho seria de aproximadamente R$ 684 milhões adicionais aos cerca de R$ 730 milhões já previstos para a operação desse sistema.

;Considerando 10 meses de suprimento sem a importação da Venezuela, tem-se um custo adicional de R$ 570 milhões o que resultaria no aumento médio de 0,34% nas tarifas dos consumidores finais;, afirmou a Aneel, em nota. ;Os recursos adicionais impactariam a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE);, acrescentou. A CDE é rachada entre todos os brasileiros.

Prioridades

Além de apresentar as propostas do governo, Albuquerque também enumerou as prioridades da pasta. Em 100 dias, o Ministério de Minas e Energia (MME) pretende abrir o mercado de gás natural, confirmar o leilão dos excedentes da cessão onerosa, modernizar o setor elétrico e resolver o risco hidrológico, além de atender Roraima. Ainda constam da meta a capitalização da Eletrobras, a renegociação de Itaipu, a continuidade do projeto Angra 3 e o aprimoramento das leis e normas que tratam da segurança de barragens.

Viagem

O ministro viaja para Israel onde pretende assinar uma cooperação formal entre os dois países. ;Os detalhes ainda estão sendo trabalhados;, afirmou. Indagado sobre o motivo da visita ao país, Albuquerque informou que teve uma reunião com o ministro de energia de Israel em Houston (Texas, EUA) e percebeu que havia muito a cooperar nas áreas de petróleo e gás. ;Eles estão começando a exploração off shore. E também na área de energia, porque Israel desenvolveu uma série de tecnologias de usinas para dessalinização. São térmicas a gás com bastante interesse dentro da política que o governo quer fazer principalmente para o Nordeste;, justificou.

Albuquerque ressaltou que o RenovaBio, uma nova política de Estado que reconhece o papel estratégico dos biocombustíveis, é uma das prioridades do governo. ;Estamos trabalhando para ver como melhorar, junto com o Ministério da Agricultura, porque envolve ambos. Não adianta o MME querer uma coisa se o setor de agronegócios não tiver disponibilidade nem interesse por este tipo de investimento;, ressaltou.

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