Economia

Copom sinaliza atenção à recuperação lenta e gradual da economia doméstica

Ata do último encontro reforçou atenção com o cenário doméstico, em meio à retomada do crescimento da economia brasileira, além dos sinais incertos, oriundos do estrangeiro

Gabriel Ponte*
postado em 26/03/2019 19:39
De acordo com o Banco Central (BC), o baixo nível de capacidade reflete, diretamente, na alta taxa de desemprego no país
O Comitê de Política Monetário (Copom) divulgou, na manhã desta terça-feira (26/3), a ata do último encontro, ocorrido na quarta-feira passada (20/3), que manteve a taxa Selic em 6,5%, o menor patamar da história. O documento voltou a citar, conforme atas anteriores, dentro do quadro macroeconômico, o nível de capacidade ociosa dos fatores de produção domésticos, com ritmo "aquém do esperado". De acordo com o Banco Central (BC), o baixo nível de capacidade reflete, diretamente, na alta taxa de desemprego no país, o qual atinge, atualmente, cerca de 12,7 milhões de brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda segundo os membros do Copom, os efeitos dos choques que incidiram-se na economia doméstica, em 2018, ainda são sentidos, como a greve dos caminhoneiros, paralisação ocorrida em maio passado, assim como o cenário de desaceleração global em países emergentes, presente nas economias turca e argentina, a partir do segundo trimestre de 2018, o que implicou, na época, em um ;aperto relevante das condições financeiras;. De acordo com o Copom, na ocasião, a ocorrência dos eventos afetaram, sensivelmente, o crescimento doméstico do Brasil em 2018.

O Copom também voltou a citar a necessidade da aprovação de reformas fiscais, no Congresso Nacional, como forma do país avançar, em termos econômicos. ;O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia;, disse a ata.

Exterior


Ainda de acordo com a ata do Copom, a conjuntura internacional, permanece desafiadora. ;Por um lado, os riscos associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas recuaram desde a reunião anterior do Copom. Por outro lado, os riscos associados a uma desaceleração da economia global, em função de diversas incertezas, mostram-se mais elevados;, mencionou. Na semana passada, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) decidiu pela manutenção da taxa de juros entre 2,25% e 2,50%, em meio aos riscos de recuo da economia global.

De acordo com os membros do Copom, há, diante da conjuntura norte-americana, perspectivas ainda incertas em relação à política monetária do país. ;O primeiro cenário é de desaceleração relevante da atividade econômica. O segundo cenário é de continuidade do vigor exibido nos últimos anos (a economia dos EUA cresceu 2,9% em 2018, ritmo idêntico ao de 2015). Esses dois cenários têm implicações opostas para o rumo da política monetária do Fed, que passou a emitir sinais de que pretende aguardar a resolução dessa incerteza ao longo do tempo;, comunicou.

O Copom também mencionou a conjuntura no continente europeu, que dá sinais de desaceleração. O Banco Central Europeu (BCE) também havia sinalizado, no início do mês, que as taxas de juros da Zona do Euro devem permanecer inalteradas até o fim do ano, em meio ao recuo das economias europeias. No entanto, de acordo com os membros, a economia brasileira, pode ;absorver revés no cenário internacional, devido ao seu balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das expectativas de inflação e à perspectiva de recuperação econômica;.

* Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca

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