Economia

Marcado para quinta, leilão da Ferrovia Norte Sul atrai dois interessados

A ferrovia se conecta com a Estrada de Ferro Carajás, operada pela Vale, que leva ao Porto de Itaqui (MA)

Simone Kafruni
postado em 27/03/2019 06:00
A ferrovia se conecta com a Estrada de Ferro Carajás, operada pela Vale, que leva ao Porto de Itaqui (MA)
O leilão da Ferrovia Norte Sul (FNS), marcado para esta quinta-feira (28/3), atraiu, ao menos, dois interessados. A concessionária Rumo, operadora da Malha Paulista, que se conecta ao Sul com a FNS até o Porto de Santos, fez uma oferta que chamou de ;realista;. A VLI, que opera o Tramo Norte da FNS, com 720 quilômetros entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO), também é parte interessada, embora não tenha admitido que apresentou proposta. Com gestão própria, a VLI tem quatro acionistas: Vale, Brookfield, Mitsui e FI-FGTS. A ferrovia se conecta com a Estrada de Ferro Carajás, operada pela Vale, que leva ao Porto de Itaqui (MA).

De acordo com o edital do certame, o interessado que oferecer o maior valor de outorga no leilão terá o direito de operar o trecho de 1.537 quilômetros, com 90% das obras já realizadas pela estatal Valec, por 30 anos, sem direito à prorrogação. O lance mínimo é de R$ 1,4 bilhões e o investimento previsto, de R$ 2,7 bilhões.

Conforme o superintendente de Infraestrutura e Serviços de Transporte Ferroviário de Cargas (Sufer) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Alexandre Porto, a estrada de ferro foi projetada para se tornar a espinha dorsal do transporte ferroviário do país. ;A estimativa é de que, ao final da concessão, o trecho possa capturar uma demanda equivalente a 22,73 milhões de toneladas;, disse.

Guilherme Penin, diretor Regulatório e Institucional da Rumo, destacou que a concessionária tem interesse na FNS e entregou um envelope. ;Nossa proposta foi super realista. É muito difícil dizer quanto vale essa ferrovia, porque ela atravessa regiões que nunca foram atendidas pelo transporte ferroviário. A gente não sabe até que ponto os produtores dessas regiões estão dispostos a usar o transporte por trilhos. Existe um esforço comercial de fazer um cliente que tem sua logística adaptada para o caminhão resolver trocar de modal. Não é fácil;, explicou.

Penin ressaltou que a prioridade da Rumo é a renovação da Malha Paulista, cuja assinatura está em vias de sair. ;A FNS abre um leque de oportunidades, mas na Malha Paulista já passa trem. É uma questão de sentido de urgência;, justificou. O aumento de capacidade previsto, de 30 milhões de toneladas por ano para 75 milhões de toneladas, se faz necessário para atender, inclusive, a FNS, uma vez que a malha é o grande eixo de conexão com o Porto de Santos.

O direito de passagem é considerado um risco, porque não está previsto no edital do leilão, apenas em aditivos das concessionárias que pleiteiam renovação. Para Bernardo Figueiredo, consultor da Ferrovias Russas (RZD), que estuda há quatro anos a FNS, o ativo deixou de ser atrativo. ;Todos os sinais foram no sentido de que o governo não está interessado em concorrência, porque o direito de passagem é um risco técnico;, ressaltou. A RZD acabou desistindo de apresentar proposta.

Na Malha Paulista da Rumo, 90% do volume de tráfego é em direito de passagem. ;A proposta de renovação é para ampliar a capacidade a fim de receber trens de outras ferrovias. O direito de passagem que o concessionário da Norte Sul pagará vai bancar o investimento de R$ 7 bilhões;, revelou Penin, diretor da Rumo. Procurada, a VLI apenas informou o quadro societário e ressaltou que não é ;controlada; pela Vale.

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