Ingrid Soares
postado em 28/03/2019 19:58
Após uma batalha desenrolada por três meses, a Marinha do Brasil anunciou nesta quinta-feira (28) a seleção do consórcio que fornecerá até quatro novas corvetas para integrar a força naval. Os vencedores como concorrentes preferenciais foram os alemães da TKMS, associados às empresas Atech Negócios em Tecnologias S.A, Embraer S.A e thyssenkrupp Marine Systems GmbH (TKMS), com o consórcio ;Águas Azuis;.
A Marinha espera investir até US$ 1,6 bilhão com o Projeto da Corveta Classe "Tamandaré", o equivalente a R$ 6,4 bilhões. A proposta foi enviada no último dia 8 de março, junto com três outros concorrentes finalistas: a empresa italiana Fincantieri e os franceses Naval Group e o consórcio Damen Saab Tamandaré.
Segundo a pasta, a aquisição dos quatro navios militares, de alta complexidade tecnológica, é de suma importância também para outros setores da sociedade, especialmente da Base Industrial de Defesa (BID) e da indústria de construção naval, pois modernizará a Força Naval, com relevante índice de nacionalização de componentes e equipamentos das corvetas. Na fase de seleção, os índices de conteúdo local foram de 31,6%, para o primeiro navio, e média de 41% para os demais navios da série.
Hoje a marinha trabalha com uma frota limitada. Há três que formam o núcleo da defesa marítima do país, formado por duas Corvetas da Classe Inhaúma e uma Corveta Classe Barroso.
As futuras corvetas navegarão na velocidade de 14 nós e estão projetadas para ter 107,2 metros de comprimento cada, com 15,95m de boca máxima, 5,2m de calado e 3.455 toneladas de deslocamento. A propulsão contará com quatro motores MAN, e quatro diesel geradores Caterpillar.
No entanto, o processo de escolha da corveta da classe Tamandaré foi conturbado. Royalties do pré sal foram utilizados para a capitalização, escapando do limite de teto de gastos do governo, que isenta esse tipo de operações com estatais. A manobra foi questionada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mas após esclarecimentos, o processo continuou.
O desenvolvimento do trâmite, levou 15 meses, a partir da divulgação da RFP n; 40005/2017-001, em 19 de dezembro de 2017. O processo de seleção adotado teve como base dois instrumentos para a tomada de decisão: Análise Multicritério à Decisão (AMD), composta por 215 critérios e Análise de Riscos.
A previsão da entrega definitiva dos navios está planejada para o período entre 2024 e 2028 e auxiliarão na proteção do tráfego marítimo, bem como no controle das águas jurisdicionais brasileiras e zona econômica exclusiva, que juntas formam a chamada Amazônia Azul, totalizando mais de 4,5 milhões de km;. A expectativa é de geração de cerca de 2000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos.
Em nota, o CEO da thyssenkrupp Marine Systems, Rolf Wirtz, afirmou que a parceria trará empregos altamente qualificados e tecnologia para o Brasil, fortalecendo a indústria de defesa. Ele também falou sobre a importância da conquista.;Estamos muito honrados pela Marinha do Brasil nos confiar a missão de construir as Corvetas Classe Tamandaré. Fazer parte do Programa CCT reforça nossa posição de liderança e as tecnologias comprovadas que oferecemos ao setor de defesa naval em todo o mundo por quase dois séculos;.
Já o presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, ressaltou a oferta de um modelo sólido de parceria nacional com capacidade comprovada de reter a transferência de tecnologia, garantindo o desenvolvimento de futuros projetos estratégicos de defesa no Brasil. ;Sempre estivemos confiantes e o resultado de hoje comprova que nossa oferta realmente vai ao encontro das necessidades operativas da Marinha do Brasil;, destacou.
Segundo a Embraer, desde 1982, 82 corvetas e fragatas da Classe Meko foram entregues a Marinhas de 14 nações diferentes, 37 delas produzidas fora da Alemanha e todas ainda em plena operação ; oferecendo um ciclo de vida de mais de 40 anos.
O Estaleiro Oceana atuará como construtor contratado pelo Consórcio Águas Azuis, bem como receptor de transferência de tecnologia relacionada ao projeto. Localizado em Itajaí (SC), com aproximadamente 310.000 metros quadrados, o estaleiro possui instalações adequadas para a construção das corvetas classe Tamandaré. Conta ainda com instalações localizadas em Niterói (RJ), que poderão servir de base logística e de apoio em serviços para a Marinha do Brasil.
A Atech, empresa do Grupo Embraer, será a fornecedora do CMS (Combat Management System) e do IPMS (Integrated Platform Management System) das Corvetas Classe Tamandaré e receptora de transferência de tecnologia em cooperação com a Atlas Elektronik. Localizada no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP), a Atech conta com 500 engenheiros especializados no desenvolvimento de software e hardware para aplicações de defesa e possui expertise única em engenharia de sistemas e tecnologias de consciência situacional e apoio a tomada de decisão.
Já a Embraer Defesa & Segurança fará a integração de sensores e armamentos para o sistema de combate.