Gabriel Ponte*
postado em 03/04/2019 06:00
Apesar de o preço da gasolina nas distribuidoras estar em R$ 1,8326, sem tributos, nas refinarias desde 19 de março, os preços não param de subir no Distrito Federal. Ontem, era possível encontrar o combustível sendo vendido a R$ 4,67, no Plano Piloto. O que comprova que é preciso pesquisar para garantir alguma economia, pois na Estrada Parque Taguatinga, o litro era vendido a R$ 4,20.
Sempre que precisa abastecer o carro, a autônoma Adriana Lopes, 35 anos, faz um levantamento prévio dos preços. ;Tem dia que dirijo por mais de 30 minutos procurando um valor mais em conta para não pesar tanto no bolso;, afirma. Para ela, o carro é seu principal meio de transporte, como dificilmente enche o tanque, chega a abastecer o veículo até cinco vezes por semana. ;Só tiro o carro da garagem a trabalho. Esse aumento pesa no salário;, afirmou.
Levantamento feito pelo Correio em 28 postos mostra que, em um período de três semanas, 27 estabelecimentos aumentaram os preços da gasolina, enquanto apenas um manteve o valor. Em 11 de março, a média nas bombas era de R$ 4,05, enquanto ontem atingiu R$ 4,38, um aumento de 8,4%.
A vida do motoboy Gilson Júnior, 23, não está fácil desde que a política de preços da Petrobras permite reajustes, até diários, pois acompanham os preços internacionais do barril de petróleo e a cotação do dólar. Além da moto, seu principal instrumento de trabalho, ele precisa abastecer o carro pessoal. ;Daqui a pouco, a gasolina chega a R$ 5. O valor está um absurdo. Para mim, entre a semana passada e esta, o combustível chegou a subir quase R$ 1;, reclamou. ;Preciso da gasolina. Infelizmente, abasteço todos os dias com raiva. Coloco, por dia, R$ 20 e dificilmente dá 5 litros. Abasteço minha moto diariamente, mas não tenho como mudar os hábitos, preciso da gasolina;, explicou.
A alta, de certa forma, tem uma explicação local. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) que incide sobre os combustíveis passou na última segunda-feira, de R$ 4,14 para praticamente R$ 4,40. O grande problema é que o valor do combustível pressiona a inflação, podendo elevar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste mês.
De acordo com o economista César Bergo, o consumo morno da população ainda sustenta a carestia em patamares abaixo do centro da meta estabelecida, neste ano, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,25%, porém, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) já evidencia a alta. Em março, o índice subiu 1,26%, alta de 8,27% nos últimos meses. O item gasolina, no grupo dos transportes, saiu de -2,98% para 1,30%.
* Estagiário sob supervisão de Rozane Oliveira