Agência Estado
postado em 03/04/2019 18:12
O Índice Bovespa teve dois momentos distintos nesta quarta-feira, 3, dia em que a principal expectativa girou em torno da audiência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara. Pela manhã, o índice teve desempenho positivo e chegou a subir mais de 1%, para além do patamar dos 96 mil pontos. À tarde, com a sessão da CCJ já em andamento, o índice migrou para o nível dos 94 mil e assim permaneceu até o fechamento, aos 94.491,48 pontos, com queda de 0,94%.
Um dos fatores apontados para a perda de fôlego foi o clima de tensão na CCJ, com Paulo Guedes enfrentando a artilharia da oposição com alguns momentos de irritação. Enquanto alguns analistas minimizaram as animosidades da audiência, outros viram um cenário ainda de dificuldades na articulação do governo na tramitação da reforma da Previdência. O cenário internacional foi influência majoritariamente positiva, com momentos pontuais de instabilidade. Predominou no exterior a maior confiança no avanço das negociações entre Estados Unidos e China e o menor temor de recessão na economia mundial.
"A audiência de Paulo Guedes era desde cedo o principal driver do mercado interno. Como não houve novidade concreta e o clima esquentou em alguns momentos, o Ibovespa passou a andar na contramão do que vinha registrando até então. Ainda é cedo para falar sobre dificuldades de articulação do ministro, mas o evento não deixa de ser um indicativo de que as negociações vão demandar mais dele do que o esperado", disse Rafael Winalda, economista da Toro Investimentos.
Já Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora, considerou que a falta de novidades na CCJ acabou por favorecer uma realização de lucros em alguns papéis. "Os ataques já eram esperados, porque esse é o momento de a oposição buscar destaque", afirmou. "Já o ministro foi claro ao dizer que a proposta dele estava apresentada e que qualquer desidratação é de responsabilidade dos parlamentares. Na falta de novidades internas e diante de um enfraquecimento do mercado externo, houve realização", afirmou.
Na análise por ações, o principal destaque de queda ficou com os papéis da Petrobras, que terminaram o dia com perdas de 2,10% (ON) e 2,65% (PN), ambas nas mínimas do dia. Segundo operadores, as ações da Petrobras estão à mercê de um momento de expectativa e especulação, dadas as incertezas do cenário. Na expectativa da conclusão do acordo sobre a cessão onerosa, os papéis também teriam reagido à tensão na CCJ, uma vez que refletem o risco político. Além disso, a expectativa de que a Caixa Econômica Federal venda sua participação na estatal também estaria afetando os papéis.