Economia

Industria do cimento apresenta plano para corte na emissão de gás carbônico

Projeto planeja que a emissão até 2050 seja reduzida em 33%

Beatriz Roscoe*
postado em 03/04/2019 20:00
Operarios trabalham na Fabrica de Cimento Tocantins SA, na Fercal
A indústria do cimento apresentou nesta quarta-feira (3/4) um plano para redução de 33% da emissão de gás carbônico. O Roadmap Tecnológico do Cimento é uma iniciativa do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e traça medidas e diretrizes para reduzir a emissão de CO2 no processo de produção do material.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou uma portaria interministerial no evento. Segundo ele, na última terça (2/4) foi fechada a minuta de uma portaria em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e com o Ministério do Desenvolvimento Regional que normatiza e dá diretrizes para a utilização de resíduos como fontes alternativas de energia. Esta seria uma resposta a demandas do setor de cimento.

De acordo com Salles, a solução é positiva para vários setores: ;É uma medida que é boa para o setor (de cimento), é boa para as questões de mudanças climáticas e é boa para a solução dos resíduos nos municípios. Todos ganham com essa solução que virá. Certamente não é a solução final, mas é um importante passo para uma agenda racional, pró-mercado, pró-desenvolvimento;, afirmou.

O estudo contou com a participação da Agência Internacional de Energia (IEA), da Iniciativa de Sustentabilidade do Cimento (CSI), do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), da International Finance Corporation (IFC), membro do Banco Mundial, e de um grupo de acadêmicos de várias universidades do país, sob coordenação do professor José Goldemberg (USP).

O plano propõe alternativas para reduzir as emissões de CO2 da indústria nacional de cimento. A produção brasileira de cimento é a que possui o menor índice de emissão de gás carbônico no mundo, e o projeto almeja que a emissão até 2050 seja reduzida em até 33% com ganho de 70% de produção.

Segundo Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC, o estudo contou com a participação de ministros e parlamentares, que assistiram a workshops e estiveram presentes em reuniões. ;Nós traçamos também uma série de recomendações que dizem respeito a políticas públicas, que enumeram e indicam órgãos públicos que possuem algumas responsabilidades específicas de acordo com a temática que cada um envolve. Nesse sentido há desde processos de desregulamentação, até processos de regulamentação;, relata.

Metas alinhadas ao Acordo de Paris

O Acordo de Paris, negociado em 2015 na 21; Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e ratificado pelo Brasil em 2016, estabeleceu diretrizes e compromissos para tentar limitar o aumento das temperaturas neste século a menos de 2;C.

Para alcançar essa meta, foram reunidas no mapeamento medidas que se concentram em quatro principais pilares: adições e substitutos de clínquer - produto intermediário do cimento -, por meio do uso de subprodutos de outras atividades; combustíveis alternativos, com a utilização de biomassas e resíduos com poder energético em substituição a combustíveis fósseis não renováveis; medidas de eficiência energética, mediante investimentos em linhas e equipamentos de menor consumo térmico e/ou elétrico; tecnologias inovadoras e emergentes, por meio da pesquisa e desenvolvimento em tecnologias disruptivas, como a captura de carbono.
* Estagiária sob supervisão de Anderson Costolli

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