Agência Estado
postado em 08/04/2019 10:50
Apesar da cautela externa e antes de novidades sobre a reforma da Previdência, o mercado acionário brasileiro abriu a segunda-feira com valorização, mantendo a marca dos 97 mil pontos da sexta-feira (97.108,17 pontos), quando subiu 0,83%. No entanto, a combinação de informações e dados mistos no âmbito internacional pode se juntar à expectativa relacionada a notícias da reforma, o que tende a apoiar uma postura cuidadosa dos investidores por aqui, conforme analistas.
"Lá, fora, as bolsas estão praticamente estáveis. O cenário político aqui não anima muito. Porém, as commodities - minério e petróleo no campo positivo - dão tendência de alta", avalia um operador, acrescentando ainda as perspectivas animadoras com as negociações EUA/China e a preocupação com o ritmo de crescimento econômico mundial.
O profissional cita que o que o mercado quer é o governo de fato se dedicando com mais afinco à reforma previdenciária. "Quer saber como o governo irá costurar o projeto, como dará seu andamento", afirma.
Apesar da sinalização de baixa do índice futuro, o Ibovespa abriu com ganho. Às 10h20, subia 0,26%, aos 97.398,24 pontos.
Para o economista-chefe da Órama Investimentos e professor do Ibmec-Rio, Alexandre Espírito Santo, a notícia de que o relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Marcelo Freitas (PFL-MG), deve apresentar seu relatório, e a de que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Felipe Francischini, pretende antecipar do dia 17 para o dia 15 a discussão sobre a admissibilidade da reforma, é bem vista. "É uma boa sinalização", afirma.
A despeito da Pesquisa Datafolha ter apontado que Jair Bolsonaro tem o pior desempenho entre os presidentes em 1º mandato, o operador pondera que isso não deve atrapalhar a expectativa de evolução da reforma da Previdência. Mas o que deve definir o seu avanço ou não é como será o apoio político. "Popularidade é outra coisa, importa agora é o apoio", analisa o operador.
Conforme o economista da Órama, o resultado do levantamento sobre Bolsonaro reforça um País dividido, já que a agenda econômica do atual governo não é das mais "simpáticas". Em sua análise, é preciso convencer a sociedade de que não se trata somente de aprovar reformas para melhorar o crescimento, mas por uma questão demográfica. "É algo que impacta fortemente o sistema de repartição", diz.
Mais do que um trabalho de convencimento da população, Espírito Santo também admite que não está mais tão otimista com a reforma e que o governo precisa se articular. "Vimos que não há consenso em relação à reforma. É preciso que toque os problemas do País de maneira célere e séria", recomenda.
Conforme o economista, a aprovação da reforma da Previdência é essencial para melhorar o crescimento no longo prazo, à medida que os dados têm indicando decepção dos agentes em relação à retomada econômica. Hoje, por exemplo, a pesquisa Focus do Banco Central mostrou que a mediana das expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 passou de alta de 1,98% para 1,97%.
Neste sentido, o temor de desaquecimento externo também permanece. Como destaca em nota o Bradesco, as incertezas em relação aos resultados corporativos mantêm cautela dos mercados acionários neste início de semana.