Agência Estado
postado em 08/04/2019 17:52
O dólar acelerou o ritmo de queda à tarde e fechou a segunda-feira, 8, em baixa de 0,57%, a R$ 3,8496, menor nível desde 21 de março. Profissionais do mercado de câmbio destacam que o enfraquecimento da moeda americana no exterior ajudou o real a ganhar força, enquanto os agentes aguardam novidades sobre os próximos passos da reforma da Previdência. O dólar recuou tanto ante divisas de emergentes, como o peso mexicano e o rublo russo, como em relação a moedas fortes, como o euro e a libra, influenciado pelas expectativas maiores de um acordo comercial entre EUA e China, e pela decisão de Donald Trump de classificar o exército do Irã como terrorista, anúncio que provocou alta do petróleo e fez a commodity bater no maior nível em cinco meses.
Na reforma da Previdência, a expectativa agora é para esta terça-feira, 9, quando o relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Marcelo Freitas (PFL-MG), deve apresentar seu parecer sobre a reforma. Ainda sobre o tema, operadores comentaram o placar da Previdência feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, que mostrou aumento no número de parlamentares que votariam a favor do texto, para 198. Na pesquisa feita dia 21 de março, eram 180 parlamentares favoráveis. Na tarde desta segunda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a reforma em evento em Brasília e afirmou que o sistema atual é "fábrica de privilégios e desigualdades".
Para o gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini, a expectativa para a Previdência segue positiva, embora a visão do mercado seja de que o texto não deva passar tão rapidamente e sem sofrer desidratação. Ele avalia que notícias positivas sobre a reforma podem fazer o dólar chegar mais perto de R$ 3,80 ou até abaixo desse patamar. Ao mesmo tempo, a moeda americana poderia testar níveis acima de R$ 3,90 com um noticiário mais negativo. "O mercado de câmbio está bem arisco ao noticiário local", disse ele, ressaltando que nesta segunda o desempenho da moeda no exterior ajudou.
A analista de moedas emergentes do Commerzbank, You-Na Park, prevê o dólar em R$ 3,80 no final de junho e em R$ 3,60 no final do ano, com a aprovação da reforma. Para ela, o mercado provavelmente vai manter seu tom otimista com o texto e a expectativa de avanço das propostas deve impedir uma maior desvalorização do real. Ao mesmo tempo, ela observa que é improvável que todas as "dificuldades e complicações das negociações vão repentinamente ser resolvidas nas próximas semanas", o que fará persistir a pressão no câmbio. Em seu cenário-base, o banco alemão acredita na aprovação no segundo semestre, com economia fiscal menor do que a prevista pelo governo.