Economia

Dólar sobe 0,83% e vai a R$ 3,88 com temor de ingerência do governo na Petrobras

Agência Estado
postado em 12/04/2019 18:08
O mercado de câmbio voltou a se estressar e o dólar chegou a bater em R$ 3,90 nesta sexta-feira, 12, repercutindo a decisão do presidente Jair Bolsonaro de segurar o aumento do preço do diesel pela Petrobras. Profissionais de câmbio destacam que a medida vai contra o discurso liberal do governo e voltou o temor de ingerência política na estatal. A sexta-feira foi de queda do dólar ante a maioria das moedas emergentes, após a China divulgar crescimento de suas exportações. O real e a lira turca ficaram entre as poucas exceções que perderam valor perante a moeda americana. Não fosse esse movimento de fraqueza do dólar, a alta aqui poderia ser ainda maior, ressaltam operadores. No final do dia, o dólar fechou com valorização de 0,83%, a R$ 3,8884. Na semana, a moeda americana acumulou alta de 0,43%. Com a valorização desta sexta, o dólar apagou a queda no ano e passou a registrar alta de 0,33%. Além da decisão de Bolsonaro sobre o diesel, também não repercutiu bem no mercado o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para estender o prazo de investigação contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por suposto recebimento de propina. Além disso, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), sinalizou que pode inverter a pauta na semana que vem para antecipar a votação da PEC do Orçamento impositivo antes do texto da Previdência, mas nesta tarde de sexta afirmou que pretende pautar as duas. Para o estrategista em Nova York do banco de investimentos Brown Brothers Harriman (BBH), Win Thin, os recentes acontecimentos no Brasil apontam para um crescente sinal de que a reforma da Previdência vai sofrer atrasos. Já sobre a decisão de Bolsonaro de segurar o aumento do diesel, ele avalia que é um "mau sinal", sobretudo quando se considera que a petroleira vinha tomando medidas em direção a um sistema de determinação de preços com base em critérios de mercado. A equipe econômica do governo recebeu a decisão de Bolsonaro como "catastrófica", segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Além disso, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse aos conselheiros de administração da empresa, em teleconferência, que segurou o preço do óleo diesel e desistiu do reajuste de 5,7% por determinação de Bolsonaro. O próprio presidente da República disse em entrevista em Macapá: "Eu liguei para o presidente sim. Me surpreendi com o reajuste de 5,7%." Apesar do clima mais tenso desta sexta, os dois maiores bancos brasileiros, Itaú Unibanco e Bradesco, mantiveram suas projeções para o câmbio, embora tenham revisado outras estimativas, como a do crescimento da economia. O Itaú vê o dólar a R$ 3,80 no final deste ano e R$ 3,90 ao final de 2020. O Bradesco manteve sua projeção R$ 3,70 no final do ano, mesmo acreditando que a volatilidade no câmbio pode subir no curto prazo.

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