Economia

Rombo na Previdência dos servidores públicos vai crescer até 2051

Neste ano, a previsão apenas com gasto da União com servidores soma R$ 326,6 bilhões, um aumento de 9,5% em relação a 2018

Rosana Hessel
postado em 18/04/2019 07:00
Neste ano, a previsão apenas com gasto da União com servidores soma R$ 326,6 bilhões, um aumento de 9,5% em relação a 2018

As projeções para o rombo do sistema de aposentadorias dos servidores não vão parar de crescer, pelo menos, até 2050, conforme o relatório de avaliação atuarial do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), de 2020, enviado ao Congresso na segunda-feira. No estudo, não se leva em conta mudanças previstas na reforma previdenciária do funcionalismo.

De acordo com os dados do relatório, o deficit do RPPS será de R$ 57,2 bilhões, neste ano, passando para R$ 133 bilhões, em 2029, um salto de 132,5% em uma década. O aumento contínuo persiste até o início da década de 2050. Em 2051, o rombo do RPPS chega a R$ 250,3 bilhões, pelo início do efeito da mudança da regra para os novos servidores a partir de 2013, que criou o regime de aposentadoria complementar, o Funpresp. A queda do deficit previdenciário começa a ser gradual a partir do ano seguinte, e, pelas projeções, atingiria R$ 9,4 bilhões em 2093.

O PLDO continua estimando crescimento nas despesas com o funcionalismo. Neste ano, a previsão apenas com gasto da União com servidores soma R$ 326,6 bilhões, um aumento de 9,5% sobre o dispêndio de 2018. E essa despesa chegará a R$ 363,3 bilhões, em 2022, aumento de 11,4% sobre 2019.

Pelo projeto, o sistema de aposentadorias dos trabalhadores do setor privado, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), deve registrar um rombo de R$ 218,1 bilhões, neste ano, pelas estimativas do governo, chegando a R$ 280,3 bilhões em 2022, um aumento de 43,6% sobre o deficit de R$ 195,2 bilhões computados em 2018.

Contradição

O governo elevou de 2,4% para 2,7% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem no PLDO, e, mesmo assim, revisou de R$ 110 bilhões para R$ 124,1 bilhões o limite para o cumprimento da meta fiscal do governo central, o que deixou especialistas preocupados com a contradição dos dados. Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, as projeções macroeconômicas do governo estão muito otimistas e sinalizam que a receita com um PIB maior não vai se concretizar. ;A equipe econômica ainda prevê alta de 2,2%, neste ano, e o PIB não deverá crescer mais do que 1%. Para o ano que vem, dificilmente haverá expansão acima de 2%;, previu.

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