Economia

Reforma dará confiança e impulsionará crescimento, avalia Meirelles

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles defende aprovação das mudanças no sistema previdenciário. Diz que capitalização pode ajudar na formação de poupança do país e no aumento do investimento

Claudia Dianni, Hamilton Ferrari, Rosana Hessel
postado em 24/04/2019 06:00
'A confiança é fundamental. O grande impulsionador do crescimento após a reforma da Previdência vai ser o aumento da confiança, por razões sólidas, pela questão do controle do deficit público no futuro'
A mudança no sistema previdenciário tem impacto fiscal de médio e longo prazos, mas será fundamental para a retomada ;imediata; da confiança de investimentos no país, na avaliação do ex-ministro da Fazenda e ex-candidato à Presidência pelo MDB, Henrique Meirelles. ;A confiança é fundamental. O grande impulsionador do crescimento após a reforma da Previdência vai ser o aumento da confiança, por razões sólidas, pela questão do controle do deficit público no futuro;, afirmou ele, em entrevista ao Correio. Ele reforça que o mais importante é o reequilíbrio fiscal do país.

O secretário de Fazenda do Estado de São Paulo destacou que o fraco crescimento da economia é resultado da queda na confiança em geral, porque as expectativas em relação ao resultado das eleições não se concretizaram. ;Acredito que houve uma reavaliação de expectativa. Em 2018, houve uma incerteza criada por um processo de polarização muito grande e o que ocorreria em função disso. Posteriormente, em 2019, exatamente porque se passou a aguardar muito a votação da reforma, o processo mais prolongado não foi previsto pelos analistas;, explicou.

Meirelles reconheceu que o país não conseguirá voltar crescer mais fortemente se continuar a investir no patamar registrado em 2018, de 15,8% do Produto Interno Bruto (PIB). ;O nível de investimento da economia brasileira está baixo. O grande desafio do Brasil hoje é aumentar o investimento;, destacou. Nesse sentido, a mudança para o modelo de capitalização proposto pela nova reforma da Previdência, poderá ajudar, porque será uma forma de aumentar a poupança a longo prazo. Em 2018, a taxa de poupança foi de 14,5% do PIB, uma das mais baixas da América Latina, cuja média é de 17,6% do PIB, conforme dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O ex-ministro evitou fazer comparações entre a proposta enviada por ele, durante o governo Michel Temer e a atual. O texto que tramitava no Congresso foi deixado de lado pelo atual governo, que apresentou a nova reforma com economia prevista de R$ 1 trilhão em 10 anos. Meirelles, inclusive, defendeu que ela seja preservada ;o máximo possível;.

De acordo com o ex-ministro, se a mudança no sistema de aposentadorias for aprovada, o país conseguirá crescer mais e de forma sustentável. Isso, se as reformas de aumento da produtividade e tributária forem encaminhadas na sequência, assim como as privatizações. ;A única solução para o investimento pesado em infraestrutura é por meio de privatização. Concessões e privatizações são o caminho que o Brasil tem que seguir. Primeiro, a reforma tributária, depois, um processo intenso em investimento em infraestrutura, para baixar o custo de transporte no Brasil, e outra série de medidas de aumento de produtividade, como aumento de desburocratização, simplificação de abertura e empresa, etc. Uma série de projetos que deixamos prontos para serem apresentados no Congresso;, elencou.


Privatizações

O ex-ministro está focado, atualmente, no programa de desestatização em São Paulo e o conselho liderado por ele está na fase de elencar as prioridades.;A meta é fazer o maior número possível de privatizações. Temos uma lista de 200 de desestatizações e concessões possíveis;, disse. Segundo ele, além de concessão de rodovias e de empresas, o governo pretende realizar parcerias com a União, como no caso da a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que será transferida da União para o governo de São Paulo e mudará de endereço até o fim de 2020.

Ele afirmou que esse foi um dos temas da conversa entre o presidente Jair Bolsonaro, o governador paulista João Doria (PSDB) e ele ontem. ;Conversamos sobre a possibilidade de que a gestão seja transferida para o estado e se estabeleça lá (no local da atual Ceagesp) um centro nacional de tecnologia, levando o Vale do Silício para São Paulo. Existe uma demanda muito grande. Isso foi discutido e o presidente sinalizou positivamente sobre essa revolução;, contou.

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