Economia

Dívida em títulos públicos cresce 1,15% em março, somando R$ 3,917 trilhões

Maiores credores do governo continuam sendo os fundos de investimento. Custo médio dos papéis da União aumentam para os cofres públicos, puxados por aumento da dívida externa

Rosana Hessel
postado em 26/04/2019 12:56
Dívida em títulos públicosO estoque da Dívida Pública Federal (DPF) registrou aumento de 1,15% em março, passando de R$ 3,873 trilhões para R$ 3,917 trilhões, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (26/04) pelo Tesouro Nacional. Esse dado é o total de títulos emitidos pela União no mercado interno e externo, mas a maior parte dessa dívida, 96%, é doméstica.

A Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) cresceu 0,87% entre fevereiro e março, passando de R$ 3,731 trilhões para R$ 3,764 trilhões, devido à emissão líquida de R$ 2,9 bilhões e ao aumento do custo de juros, em R$ 29,7 bilhões. Já o estoque da DPF externa saltou 8,3% na mesma base de comparação, para R$ 153,7 bilhões (US$ 39,4 bilhões).

Essa taxa de crescimento maior na dívida externa foi resultado da variação do dólar e também pela emissão de US$ 1,5 bilhão de um novo título em moeda estrangeira com vencimento daqui a 10 anos, o Global 2029, de acordo com Luis Felipe Vital, coordenador-geral de operações da dívida pública. Conforme o Programa Anual de Financiamento (PAF) previsto para este ano, o limite para o estoque da DPF é de R$ 4,3 trilhões. Segundo o técnico, o governo cumprirá o PAF, ;sem mudanças nas metas; ao longo do ano.

Os maiores detentores da dívida pública doméstica continuam sendo os fundos de investimentos em março, com 27,24% do total, mesmo percentual de fevereiro. A fatia dos investidores estrangeiros apresentaram uma leve alta, passando de 12,18% para 12,24% na mesma base de comparação. Vital reconhece que o percentual dos estrangeiros ainda é baixo, pois a participação deles caiu muito desde a perda do grau de investimento. O pico ocorreu em maio de 2015, quando os investidores não-residentes chegaram a deter 20,8% do total da dívida interna.

Rentabilidade cai

A rentabilidade média dos títulos públicos apresentou queda de 0,44% em março, conforme dados apresentados pelo Tesouro. Em meio às incertezas no mercado doméstico devido à bateção de cabeças do governo na área política e do fraco desempenho da economia no início deste ano, o custo médio da dívida pública federal aumentou.

Os juros médios passou de 9,69% ao ano para 9,79% anuais. O prazo médio dos papéis da DPF aumentou de 4,15 anos para 4,13 anos entre fevereiro e março, conforme os dados do Tesouro, sendo que o prazo da dívida interna ficou praticamente estável nesse período, em 4,02 anos e o da dívida externa caiu de 7,38 anos para 7,34 anos.

Vital observou um cenário mais negativo em março, principalmente, ;em função de preocupações com a desaceleração do crescimento global; e com ;o aumento das incertezas em relação à reforma da Previdência;. Contudo, o técnico demonstrou mais otimismo em relação a abril, com a instauração, ontem, da comissão especial que vai apreciar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência. ;Agora, vemos melhora nas condições de mercado;, frisou.

Leilões

Vital destacou que o cenário mais favorável em abril ajudou para que o resultado do leilão de títulos pré-fixados realizado ontem fosse positivo, porque ; houve venda integral de todos os lotes colocados à venda;. Os juros contratados pelas NTN-F, que pagam juros semestrais, ficaram entre 8,61% a 8,99% anuais para vencimentos em 2025 e 2020. Já os das LTNs com vencimentos entre 2020 e 2023, ficaram entre 6,48% e 8,48% ao ano.

No entanto, no leilão anterior realizado no dia 23, com papéis pós-fixados e indexados à inflação, não atraiu tanto os investidores para os seis lotes ofertados com vencimentos variando entre 2024 até 2055. Um lote de 500 mil de NTN-B com vencimento em 2028, por exemplo, com só conseguiu comprador para 45 mil, pagando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4,39%. Outro, de 150 mil títulos para 2055, só teve comprador para 8 mil títulos pagando IPCA mais 4,55% ao ano.

Tesouro Direto

O estoque do Tesouro Direto cresceu 2,74% em relação a fevereiro, somando R$ 57,6 bilhões. O papel com maior representação é o Tesouro IPCA, que responde por 44,56% desse montante. O total cadastros nesse programa voltado para o pequeno investidor chegou a 3,8 milhões no terceiro mês do ano, um salto de 85,36% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desse total, menos de um terço, 949,8 mil pessoas, são investidores ativos. De acordo com Vital, o valor médio das aplicações gira em torno de R$ 5 mil.

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