Economia

Opinião: O gigante agronegócio precisa crescer ainda mais

Pilar da economia do país, responsável por quase um quarto do PIB e por um em cada três empregos no país, o agronegócio merece mais atenção

Eumar Novacki*
postado em 29/04/2019 13:22
Lavrador segura soja em meio a plantaçãoNuma entrevista concedida a uma rede de emissoras de rádio no ano passado, quando ocupava interinamente o Ministério da Agricultura, sobre ;o futuro e o presente do agronegócio;, em determinado momento fui questionado sobre o que se esperava da gestão do presidente Jair Bolsonaro. Deixei claro que, na minha opinião, sozinho ele não conseguiria avançar, mas, ao mesmo tempo, tinha convicção que ele daria bons exemplos, nos levando ao resgate de valores tão caros à sociedade brasileira.

Numa avaliação fria dos primeiros 100 dias de seu governo, chegamos à conclusão de que estamos no caminho certo. Não é fácil dar a guinada de 180 graus que o Brasil precisa, mas percebemos claramente que a distorção dos valores éticos e morais, em que a máxima era o conceito do ;rouba, mas faz;, está sendo deixada no passado. Mais que isso: resgata-se o patriotismo e a importância da família, alicerce da sociedade, cuja religiosidade, é o cimento que a mantém coesa. Estava insuportável conviver com o efeito manada do ;politicamente correto;.

Além disso, a expectativa é positiva em diversas áreas, como segurança, saúde, cidadania e economia. Na educação, o presidente demonstrou que não tem compromisso com o erro: substitui quem não apresenta resultado, mostrando que seu pacto é com o Brasil, e não com grupos políticos ou econômicos. Agora faço um destaque para a agropecuária ; pilar da economia do país, responsável por quase um quarto do PIB, aproximadamente 50% das exportações e por um em cada três empregos no país ; que merece um olhar especial. A acertada escolha da cúpula do Ministério da Agricultura, que mantém canal direto de diálogo com o setor, entende a importância de se ampliar a participação brasileira no mercado internacional, hoje com cerca de 7% e presente em 180 países. Chegar a 10% significa mais 30 bilhões de dólares na economia do país, gerando emprego, renda e qualidade de vida ao nosso povo, objetivo maior de qualquer governo. Mas só teremos condições de avançar, se tivermos um olhar atento da nossa diplomacia e se pudermos explorar o potencial de nossa Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

O Ministério das Relações Exteriores precisa se espelhar em alguma medida, na ação de sua correlata americana, que grande parte do esforço é na esfera comercial. Em tempos de inteligência artificial, tecnologia integrada 5.0, a diplomacia brasileira precisa se reinventar. Ela tem papel importantíssimo a desempenhar, mantendo a tradição, que nos permite acessar e ser bem-recebido em qualquer país do mundo, mas deve ir além disso, ajudando a abrir novos mercados e a consolidar e ampliar os já existentes. Mais pragmatismo e objetividade fará bem ao Brasil. Em relação à Apex, podemos afirmar sem dúvidas, que grande parte do que se exporta do Brasil passou por projetos desenvolvidos por ela em parceria com os diversos setores da nossa economia.

No setor agropecuário, ela foi fundamental para que alcançássemos a liderança nas exportações de diversos produtos e contribuiu sobremaneira para que hoje o Brasil pudesse alimentar mais de 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo. Portanto, a importância do Brasil para segurança alimentar do planeta passou, de algum modo, pela agência. Poderia ter sido feito mais, não fosse a ideologia (sempre ela) a atrapalhar as ações técnicas, defendendo por exemplo, a criação de escritório em Cuba, em detrimento do sudeste asiático, que concentra em cerca de 8 % do território mundial, quase metade da população. Ressalto ainda sua firme atuação na busca de capital estrangeiro para investimentos no Brasil. É necessário fazer as correções de rumo e potencializar a importância dessa agência, ampliando as suas atribuições e dando a ela independência funcional, para junto com o setor produtivo, definir prioridades.

O mundo cresce e, segundo a ONU, até 2030, teremos cerca de 1 bilhão a mais de habitantes. A demanda por alimentos aumentará. O Brasil tem terra disponível (utilizamos cerca de 30% do nosso território para produção de alimentos), recursos hídricos, tecnologia e inovação, e a força do produtor rural. Precisamos ampliar nossa fatia no mercado internacional. Para finalizar a análise desse começo de gestão, entendemos que são necessários alguns ajustes. Importante melhorar a relação com os poderes, comunicar bem os avanços e com total transparência, mostrar o que vem sendo feito e as razões.

É preciso fazer com que o governo trabalhe como verdadeiro time, com metas claras e objetivas. Saber onde se quer chegar e traçar estratégias adequadas é fundamental. Pacificar o país, deve ser palavra de ordem: a união de esforços fará toda diferença. O governo está apenas começando, mas sua dinâmica traz esperança de um país melhor. Aprendi na caserna, onde hierarquia e disciplina são as bases da formação, que o exemplo vem de cima. Hoje, percebemos claramente que não há mais complacência com qualquer tipo de corrupção, desvios de condutas, desmandos, badernas.

O presidente vem liderando uma importante mudança de postura, e tenho certeza que será possível construir um país mais justo. Isso acontecerá quando todo cidadão entender seu papel, deixando de lado o ;jeitinho brasileiro;, onde um desvio ético próprio é esperteza, do outro, é corrupção. Que o exemplo possa inspirar a todos! Temos que pensar nas futuras gerações e não nas próximas eleições. O Brasil deve ser colocado acima das aspirações pessoais e dos interesses inconfessáveis. Que o equilíbrio possa vencer as posições extremistas. Que se saiba ouvir, afinal como ensinam os provérbios: ;Não havendo sábia direção, toda a nação é arruinada... na multidão de conselheiros está a vitória... ; Façamos uma grande corrente do bem!

*Chefe da Casa Civil do GDF, bacharel em direito e mestre em gestão

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