Thaís Moura*
postado em 04/05/2019 07:00
Os consumidores que foram aos postos de gasolina, ontem, levaram um susto com a nova disparada dos preços, que voltaram aos níveis observados durante a greve dos caminhoneiros de 2018. Em apenas seis dias, o valor da gasolina nas refinarias sofreu dois aumentos seguidos, de R$ 0,10 e R$ 0,07, elevando o preço médio sem tributos de R$ 2,045 para R$ 2,1758. Depois do aumento da Petrobras, grande parte dos postos do Plano Piloto passou a revender o combustível acima de R$ 4,45. De acordo com a Secretária da Fazenda, em média, a gasolina comum está sendo vendida a R$ 4,49 no DF.
Levantamento feito pelo Correio em 27 postos na Asa Sul, Asa Norte, Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e Setor de Indústrias Gráficas (SIG), mostra que 17 estabelecimentos cobram mais de R$ 4,50 pelo litro desde o início da semana. Enquanto o valor ultrapassa R$ 4,60 em alguns nos eixos L e W, chegando a R$ 4,67 no posto Petrobras da 103 Norte. Na EPTG, o combustível se mantém entre R$ 4,37 e R$ 4,45.
Em nota, o presidente do Sindicombustíveis, Paulo Tavares, que representa os postos do DF, afirmou que ;os constantes aumentos são de inteira responsabilidade do governo federal;. Segundo ele, o governo teria adotado uma política de majoração de preços para manter uma melhor posição no mercado de combustíveis, em relação à concorrência. ;Os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis são o reflexo da política de preços da Petrobras e o aumento da carga tributária tanto em âmbito federal como distrital;, explica.
A nutricionista Sthefany Lima, 29 anos, é uma das brasilienses afetadas pelo preço da gasolina. Ontem à tarde, ela estava em uma longa fila para abastecer no posto Ipiranga da 112 Norte, que vendia o litro a R$ 4,54. ;Sempre venho nesse posto, porque o crédito tem o mesmo valor do débito;, disse a nutricionista, que por morar no Noroeste e trabalhar no Plano, depende do carro para se locomover. ;Quando a gasolina sobe, começo a calcular se vale mais a pena ir de Uber ou de carro para os lugares. Quando está muito alto (o preço), só uso Uber.;
A estratégia da fotógrafa Vanessa Vieira, 43, é abastecer com etanol quando a gasolina está muito cara e usar apenas um dos carros que tem em casa. Outra forma de economizar, segundo ela, é abastecer sempre em postos Ipiranga. ;Eles têm um aplicativo, disponível na Play Store e App Store, que me permite economizar 5% a cada abastecimento;, explica. ;Me recuso a pagar R$ 200 em um tanque de gasolina, morando em um país que produz combustível;, disse.
Explicação
O alto preço do combustível pode ser explicado. Para o economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, o valor da gasolina é influenciado, principalmente, por três fatores: pela Petrobras, que define o valor do petróleo nas refinarias; pelo valor do dólar, que influencia na parcela de petróleo não produzido pela Petrobras; e pelos impostos sob o combustível, avaliado em aproximadamente 40% do valor total. ;Se a Petrobras produzisse gasolina suficiente, o preço teria queda. Enquanto dependermos da importação, o valor da gasolina nos postos também dependerá diretamente do mercado internacional;, explicou.
;Quando se aumenta o preço nas refinarias, se tem combustível antigo nos postos. Ou seja, o reajuste da gasolina não deveria ser imediato, porque o estoque ainda é o antigo. Porém, quando os preços abaixam na refinaria, o combustível continua caro nos postos;, afirmou o especialista.
Variação dos preços no DF (em reais)
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira