Hamilton Ferrari
postado em 07/05/2019 06:00
A expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 está em declínio, com chances de que o Brasil tenha um crescimento econômico mais fraco do que o do ano passado. Pela décima semana consecutiva, os economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) reduziram as projeções para a atividade econômica, passando de 2,30% para 1,49% no período. Há uma desconfiança em relação ao governo federal, que tem demonstrado conflitos internos e dificuldades para conseguir articular a base para aprovar a reforma da Previdência.
Há analistas que esperam que o PIB do primeiro trimestre de 2019 seja negativo. Os dados ruins dos setores, como da indústria, e o desemprego elevado dão sinais de que a economia não vai bem. De olho nisso, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai decidir amanhã qual será a taxa básica Selic, que está em 6,5% ao ano desde março do ano passado. A expectativa da maioria dos analistas é de que os juros devem continuar no mesmo patamar.
Economistas entendem que a inflação, apesar de estar comportada, será pressionada por preços de alimentos e combustíveis no primeiro semestre do ano, e que é preciso saber o andar da carruagem no processo de votação da reforma da Previdência. Sem a aprovação da proposta no Congresso Nacional, a tendência é de que, ao longo dos próximos anos, a inflação suba e haja um clima de forte insegurança para investimentos no país. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 4,58% no acumulado de 12 meses. O centro da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 4,25%, podendo varia 1,5 ponto percentual para mais e para menos.
Depois de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, na tarde de ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou minimizar a piora nas previsões de crescimento econômico. ;Assim que aprovadas as reformas, o país retoma o caminho de crescimento econômico sustentável. O crescimento está em torno de 1,5% mas, nos últimos 10 anos, ele é 0,5%. Então, não há novidade nenhuma dessa desaceleração econômica. O Brasil está prisioneiro de uma armadilha de baixo crescimento e nós vamos escapar disso com as reformas;, disse. Será a terceira reunião do comitê no ano, sendo a segunda com Roberto Campos Neto à frente do Banco Central (BC).
A economista Patrícia Pereira, especialista da Mongeral Aegon Investimentos, ressaltou que os indicadores de confiança estão piores do que o registrado no mesmo nível de setembro e outubro do ano passado, quando havia grande incerteza eleitoral. ;Isso é muito feio de se pensar, porque, na cabeça do empresariado, da economia real, há bastante insegurança;, afirmou. ;A incerteza eleitoral foi sanada, mas o risco de não concretização de uma boa reforma ainda está na mesa. Desde a última reunião do Copom, a Previdência passou pela CCJ, mas de uma forma mais demorada que o desejado;, completou.
Para Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, a redução da Selic não seria eficiente, porque a incerteza não ocorre no lado monetário, mas, sim, do fiscal. As contas públicas deterioradas são o grande entrave para a melhora da economia. Tanto é que a Selic está no menor patamar da história há mais de um ano e o PIB do país não consegue superar 1,5%. ;Não será a redução de 0,25 ou 0,5 ponto percentual que resolverá o problema. Tudo vai depender do sucesso de uma reforma que seja razoável do ponto de vista fiscal;, defendeu.