Economia

Kraft Heinz encontra erro de R$ 822 milhões em balanços

Empresa pertencente a Warren Buffett e à 3G Capital terá de fazer uma correção contábil e já avisou que vai atrasar a apresentação dos números do primeiro trimestre deste ano

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 07/05/2019 06:00

Warren Buffett afirmou estar satisfeito com parceria
São Paulo ; Gigante global do setor de alimentos, a Kraft Heinz Co terá de explicar erros contábeis cometidos por três anos em seus balanços financeiros. A falha aponta para uma soma de US$ 298 milhões, algo como R$ 822 milhões. A multinacional tem entre seus acionistas os bilionários Jorge Paulo Lemann, da 3G Capital, e o megainvestidor Warren Buffett.

A informação foi divulgada ontem pela companhia, que agora terá de reapresentar os balanços financeiros de 2016, 2017 e de parte de 2018 para poder retificar o milionário erro contábil, rastreado após investigação interna.

A companhia divulgou ao mercado que havia sido intimada pelo órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, a SEC, em fevereiro, sobre uma investigação relacionada a suas políticas contábeis, seus procedimentos e seus controles internos relativos ao reconhecimento dos contratos com fornecedores na área de aquisições.

Depois da primeira notificação, coube à Kraft Heinz buscar ajuda de advogados e contadores externos para começar uma investigação sobre esses negócios. Até que ontem, o conglomerado, do qual fazem parte marcas como o cream cheese Philadelphia e o ketchup Heinz, confirmou que havia irregularidade e qual era o tamanho do erro em sua prestação de contas ao mercado acionário. Como consequência, a empresa informou que terá de atrasar a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2019 porque as investigações ainda não foram concluídas.

O ajuste de US$ 208 milhões, revelado pela Kraft Heinz, está relacionado aos custos dos produtos vendidos. A empresa garantiu em seu comunicado à SEC que não houve desvios de conduta de sua equipe de gerenciamento sênior.

O bilionário Jorge Paulo Lemann é um dos fundadores da 3G Capital

Sem perder a esperança

Ainda no fim de semana, Buffett informou que a auditoria PwC não assinou o balanço da companhia relativo ao primeiro trimestre. No sábado, em entrevista durante evento da Berkshire Hathaways Inc., sua controlada que detém a maior participação na Kraft Heinz ; 26,7% ;, o bilionário afirmou que a empresa tinha a sua confiança.

Buffett afirmou ainda estar satisfeito com a parceria com a empresa brasileira de investimentos 3G Capital e declarou ser ;concebível; que atuem juntos novamente em algum negócio que venha a aparecer.

No entanto, o bilionário ponderou que em alguns casos, ;eles (da 3G) têm mais gosto por alavancagem do que nós;, mas que para certos tipos de situações ;seriam operadores muito melhores;. Além de Lemann, também estão entre os fundadores da 3G Capital Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. O negócio entre a Kraft Foods e a H.J.Heinz aconteceu em 2015.

Para alguns analistas que acompanham a empresa de perto, o pior pode ter ficado para trás, já que a partir de agora a história em torno da Kraft Heinz dá sinais de seguir sem as mesmas incertezas que vinha carregando desde fevereiro. ;A companhia está tomando medidas para melhorar nossas políticas e procedimentos e continuará a fortalecer nossos controles financeiros internos;, disse Michael Mullen, porta-voz da Kraft Heinz.

A revelação de falha nos balanços acontece poucas semanas depois de a Kraft Heinz fazer a troca do presidente executivo, o brasileiro Bernardo Hees, pelo português Miguel Patricio, vindo da Anheuser-Busch da InBev.

O anúncio foi feito depois de a companhia de alimentos reduzir o pagamento de dividendos aos acionistas e o valor de mercado de seus ativos, como as marcas Kraft e Oscar Mayer, encolher em cerca de US$ 15 bilhões, em fevereiro.

Na época do comunicado sobre sua chegada, Patrício disse ao The Wall Street Journal: ;É um novo ciclo para a empresa. Eu trago um histórico muito diferente para a empresa e para a equipe.; O executivo passa a comandar o conglomerado a partir de julho. Sua missão será árdua. Desde 2015, quando aconteceu a fusão que resultou na Kraft Heinz, suas ações caíram pela metade.

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