Agência Estado
postado em 14/05/2019 11:39
A recuperação dos mercados acionários no exterior após o recuo acentuado da véspera depois das palavras consideradas apaziguadoras do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atingiu o Ibovespa no início dos negócios desta terça-feira, 14. O índice chegou a superar os 92 mil pontos.
Na segunda-feira, 13, em meio ao impasse comercial entre EUA e China fechou com queda de 2,69%, aos 91.726,54 pontos, na menor pontuação desde 7 de janeiro. A despeito da valorização firme em Nova York, o principal índice à vista da B3 desacelerava os ganhos.
Às 11h31, subia 0,21%, de volta aos 91 mil pontos (91.921,14 pontos).
As declarações mais otimistas de Trump sobre as perspectivas de acordo mais adiante com Pequim aliviam um pouco os mercados hoje. O presidente disse esperar negociações bem-sucedidas com a China. "A mensagem indica que no momento certo, o acordo avançará", diz uma fonte.
Entretanto, para alguns participantes do mercado, o noticiário político envolvendo Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, intimida os ganhos na Bolsa brasileira.
"A sensação é que o cenário externo pesa mais. Porém, a notícia interna, que envolve o filho de Bolsonaro, pode ter alguma influência negativa, atingir a imagem do governo, e contaminar os mercados pontualmente. No entanto, ele apenas é um senador", minimiza um operador.
A Justiça do Rio autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), Fabrício Queiroz, segundo informou ontem o jornal O Globo em seu site.
Além disso, acrescenta a fonte, a citação do nome do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em acordo de colaboração premiada de Henrique Constantino, um dos donos da Gol Linhas Aéreas, como recebedor de "benefício financeiro" por meio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), também é acompanhada com atenção.
"O Rodrigo Maia é um nome fundamental na articulação da reforma da Previdência, é um dos pilares", observa o analista Matheus Amaral, da Toro Investimentos. Em viagem a Nova York para a 9ª Edição do evento Brazil and de World Economy, o presidente da Câmara disse não conhecer Constantino.
O desempenho mais fraco da atividade brasileira no começo deste ano, como tem reforçado os indicadores do primeiro trimestre - hoje foi a vez do volume de serviços - foi reforçado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, quando a Selic foi mantida em 6,5%.
Apesar de reconhecer que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre pode ficar negativo e de excluir a palavra 'cautela' da ata, o Banco Central (BC) pondera que essa exclusão não deve ser interpretada como mudança na condução da política monetária. Neste sentido, alguns entendem que a taxa Selic pode permanecer em 6,5%, sem ensejar queda, por ora.