postado em 21/05/2019 04:28
As expectativas do mercado para a economia voltaram a cair. Pela 12; semana consecutiva, segundo o relatório Focus, do Banco Central, a estimativa de crescimento do PIB recuou de 1,45% para 1,24%. Os economistas também reduziram a projeção para o avanço da produção industrial de 2019,passando de 1,70% para 1,47%. Para 2020, o cenário não mudou. Foi mantida a projeção do PIB em alta de 2,50%, enquanto a produção industrial em 3%.
Para os analistas, haverá uma ligeira piora na carestia neste ano. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,04% para 4,07%. A expectativa para 2020 permanece a mesma, de 4%. Nesta semana, a estimativa para taxa básica de juros (Selic) foi mantida em 6,5%, mas houve queda na projeção para 2020: de 7,5% ao ano para 7,25%.
Sem perspectiva de melhora, os resultados negativos vêm de um histórico profundo de recessão acompanhado da instabilidade política, que impedem a retomada do crescimento. ;Não é um movimento recente, tem sido motivado por uma sequência de indicadores. Para entender as causas, devemos levar em conta as restrições que a economia enfrentou ano passado, como a greve dos caminhoneiros e a incerteza política que causou uma desaceleração de atividade e se estendeu esse ano. Atualmente, o impacto maior é a incerteza sobre a reforma da Previdência;, disse o economista da Haitong, Flavio Serrano.
Fraqueza mundial
A pesquisadora da área de economia aplicada da FGV, Luana Miranda, considera outras questões para o pessimismo do mercado. ;A fraqueza da economia global, principalmente da Argentina e alguns choques, como o desastre de Brumadinho e fatores climáticos que prejudicaram a agropecuária devem ser levados em conta. Além da fraqueza interna da demanda, a situação fiscal crítica em estados e municípios, o momento ruim do mercado de trabalho, que têm impacto sobre o consumo;, afirmou.
Há especulações sobre uma nova redução da taxa Selic, mas há analistas que acreditem que o recuo nos juros não ajudará a estimular a atividade. ;Os juros já estão historicamente baixos e isso não teve impacto real na economia. É preciso enfatizar que reformas estruturais precisam acontecer e uma queda de juros, agora, não traria tanto impacto, além de ser arriscado, com o atual cenário;, considera Luana Miranda.
O analista da Austin Rating, Alex Agostini, defende a queda na Selic, já que, dessa forma, o custo final para o empresário seria reduzido. ;Neste momento, não teria o efeito para estimular o consumo, mas prepararia a economia para crescer melhor em 2020;, disse.
* Estagiárias sob supervisão de Rozane Oliveira