Agência Estado
postado em 21/05/2019 10:52
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deste e do próximo ano. De acordo com o relatório Perspectiva Econômica da OCDE divulgado nesta terça-feira, 21, a expansão da atividade brasileira em 2019 será de 1,4%, no lugar da de 1,9% prevista em março. No caso de 2020, a previsão baixou de 2,4% para 2,3%.
"Uma recuperação gradual deve continuar no Brasil", avaliou a entidade no documento. "A inflação baixa e a melhora dos mercados de trabalho fornecem apoio ao consumo privado e implementação bem-sucedida das reformas, particularmente a reforma da Previdência, ajudaria a reduzir a incerteza e a aumentar o investimento."
A divulgação do relatório se dá em meio ao Fórum Anual da OCDE, que tem sede em Paris. Nos dias seguintes, haverá o encontro do conselho da instituição, quando temas ligados ao seu futuro são debatidos.
O Brasil é um dos seis candidatos a aguardar a abertura do processo de acessão à entidade, ao lado de Peru, Bulgária, Croácia e de Argentina e Romênia, considerados os primeiros da lista. O processo, no entanto, passa por um impasse.
De um lado, os Estados Unidos já deixaram claro que não desejam ampliar o número de membros da Organização, mas Washington já declarou apoio aos governos argentino e brasileiro, que ainda não foi concretizado no organismo multilateral.
De outro, a Europa, que não é contrária à ampliação da OCDE, apenas aceita a entrada de membros de fora do continente com a garantia de que ela seria acompanhada do ingresso de um membro da região.
Política monetária, crédito e competitividade
Segundo a OCDE, o Banco Central do Brasil não deve aumentar os juros antes do ano que vem. A avaliação também foi divulgada no relatório da entidade. "Com a inflação projetada para abaixo da meta em 2019 e 2020, o aperto monetário agora parece improvável antes de 2020 e as condições financeiras devem permanecer favoráveis."
A instituição salientou que o crédito tem crescido para as famílias, mas continua a diminuir para o setor corporativo. Para a organização, os atuais planos de reforma para fortalecer a competição no setor financeiro são um "passo promissor" para reduzir os custos dos empréstimos. De qualquer forma, segundo a OCDE, o crescimento da produtividade será o principal motor de crescimento a longo prazo.
O documento apontou que fortalecimento exigirá também mais competição em muitos setores para permitir que mão-de-obra e capital passem para atividades com forte potencial. "Uma integração mais próxima à economia global aumentaria a eficiência ao expor mais empresas à concorrência estrangeira e melhorar o acesso a bens intermediários e de capital de menor custo."
A melhora da eficiência por meio da redução das barreiras internas à entrada e pela implementação de políticas para reduzir custos seria ainda um fator de contribuição, como a flexibilização fiscal ou a melhoria da execução de contratos. "Uma revisão substancial do sistema fiscal indireto fragmentado, com vistas a um imposto unificado sobre o valor agregado, poderia aumentar a competitividade das empresas em todo o país", revelou.
Crescimento mundial
A OCDE também reduziu sua projeção de crescimento global neste ano de 3,3% para 3,2%. Segundo relatório de perspectiva, a incerteza no comércio influencia negativamente o quadro. Para 2020, a expectativa é de avanço maior no crescimento, de 3,4%, patamar mantido em relação à projeção anterior.
Com as tensões comerciais, existe incerteza e piora na confiança, o que penaliza os investimentos, aponta a OCDE. Com isso, o setor manufatureiro tem sido prejudicado.
Entre os principais riscos a entidade cita justamente a chance de um período prolongado de tarifas mais altas entre Estados Unidos e China; novas barreiras comerciais entre Estados Unidos e União Europeia; uma desaceleração mais forte da economia chinesa; crescimento contido na Europa; e vulnerabilidades financeiras por causa do alto endividamento.
No caso dos Estados Unidos, a OCDE projeta crescimento de 2,8% neste ano, acima dos 2,6% previstos anteriormente. Para 2020, a expectativa subiu de alta de 2,2% para 2,3%. Para a China, as projeções de crescimento foram mantidas, em 6,2% em 2019 e 6,0% em 2020.
Na zona do euro, a projeção de crescimento aumentou de 1,0% a 1,2% em 2019, enquanto em 2020 ela passou de 1,2% para 1,4%. No Japão, por outro lado, a OCDE espera crescimento de 0,7% em 2019, quando anteriormente havia previsto avanço de 0,8%.