postado em 24/05/2019 04:27
Os consumidores brasileiros estão torcendo para que o presidente Jair Bolsonaro sancione a Medida Provisória n; 863, que abriu a participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas, sem vetar o retorno da gratuidade do despacho de bagagem de 23kg em voos domésticos. Ontem, Bolsonaro chegou a afirmar que sua ;vontade de coração é não vetar;. Apesar de garantir que só tomará a decisão ;aos 48 minutos do segundo tempo;, Bolsonaro justificou que a cobrança das bagagens ocorreu para baixar o preço das passagens, o que não ocorreu.
Pelo contrário, os valores dos tíquetes subiram acima da inflação nos últimos 12 meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta média foi de 35,12% entre maio de 2018 e abril de 2019, período em que a inflação medida pelo Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 4,94%. Depois que a Avianca entrou em recuperação judicial, em dezembro de 2018, reduzindo voos, os preços dispararam até 140%, segundo levantamentos de plataformas de comparação de passagens aéreas.
O passageiro Welismar Mulato, 26 anos, acredita que a cobrança de bagagens não cooperou com a diminuição dos preços. ;O que eu notei foi que o preço aumentou. Acredito que a medida proposta pelo fim da cobrança é excelente,; afirmou. Ana Cláudia da Silva, 46, técnica de enfermagem, também não notou a redução dos preços com a cobrança do despacho. ;Acho a decisão válida, contanto que os preços não aumentem.; A enfermeira explicou que evita, quando possível, despachar malas para não pagar as taxas. ;Às vezes, não tem jeito;, lamentou.
Juliana Moya, especialista em Relações Institucionais da Proteste, alertou que, quando a Agênvcia Nacional de Aviação Civil (Anac) instituiu a cobrança das bagagens, não foi uma medida negativa. ;Se tornou ruim porque a Anac permitiu às empresas liberdade para cobrar. O nosso posicionamento é que nem uma posição nem outra são ideais;, disse.
A Proteste destacou que, com a saída da Avianca, o mercado ficou ainda mais restrito. ;No entanto, está aberto e a competitividade deve aumentar, porque a cobrança ou não de bagagem é importante, mas não determinante para atrair novas empresas;, afirmou.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) argumentou que houve forte encarecimento dos custos da aviação, com a desvalorização do real em 14,5% e a alta de 37,5% no preço do combustível. Em nota, afirmou que, com o fim do tabelamento dos preços das passagens, o preço médio das tarifas domésticas no Brasil caiu pela metade, baixando a cerca de R$ 370, enquanto o número de passageiros triplicou, chegando a perto de 100 milhões por ano. (Colaborou Denise Rothenburg)
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira