postado em 24/05/2019 04:27
O desemprego piora no Brasil, mas há sobra de vagas, especialmente no setor de TI. Como o senhor avalia esse cenário?
Para que tenham uma ideia, só em TI o mercado latino-americano mantém 500 mil vagas disponíveis e não preenchidas. Aqui o deficit varia de 150 mil a 200 mil, segundo estudos aproximados e fechados em 2018. Não há estatísticas da IDC Brasil sobre 2019, mas a tendência é que o quadro atual melhore. Já temos indicadores mais otimistas. É apenas o início da virada. Há sinais positivos que nos animam.
Como explicar a reviravolta neste setor de muita influência na economia?
Quero deixar claro que a mudança é lenta e gradual. Eu diria que ainda não vivemos um clima de maravilha, mas já há alguma coisa para comemorar. Entre os pontos positivos, aponto a formação dos novos profissionais, principalmente da indústria, que ampliou a capacitação dos funcionários para atender à desproporcional demanda.
Quais são os maiores desafios de empregabilidade no cenário de TI?
Ainda somos afetados pela falta de mão de obra específica, mas, como expliquei, agora sentimos a boa reação. Um dos principais desafios é melhorar e modernizar muito mais o que aí está. Colocamos em prática o aperfeiçoamento das redes nos municípios brasileiros. Não é tão simples. O que serve no Estado de São Paulo não é o que serve no Pará. É preciso avançar constantemente no aprimoramento da infraestrutura de TI e das telecomunicações. A cobertura 4G é um dos exemplos. As transformações não param de evoluir. As empresas adotam cada vez mais a informatização. Estamos atentos ao crescimento deste setor.
Como estimular a frequência dos alunos às escolas ou, de alguma forma, despertar o interesse deles pela área tecnológica?
Existem ótimos cursos nas universidades públicas e privadas do país As opções de aprendizado aí estão. Só que a qualificação profissional depende sempre do comprometimento e do interesse de cada estudante.
Em quais áreas do TI há as maiores carências de mão de obra?
Cito algumas como cientista de dados, técnico em redes para conexão de computadores, especialista em computação em nuvem e engenheiro de software e computação. A Inteligência Artificial e o Big Data crescem demais e sugerem especialistas bem qualificados no uso de ferramentas destinadas a pescar novos dados. Um dos problemas é que não há tanta agilidade no campo do ensino tecnológico. Acredito que falte uma visão mais estratégica.
Não há conscientização quanto ao bom retorno financeiro e profissional?
Os candidatos ao emprego nesta área não devem pensar que basta ter um diploma em mãos. É recomendável elevar o nível de conhecimento para sobressair. Caso contrário, haverá mais dificuldades. Quanto ao retorno salarial, isso é muito relativo. A competência é o que determina. Pode-se assumir alguns tipos de tarefas ou elaborar projetos muito mais amplos. Diria que prevalece uma espécie de vale quanto pesa.
Quais segmentos dentro da TI são mais carentes de funcionários devidamente preparados?
Aqueles que envolvem a segurança como um todo. É uma de nossas maiores preocupações. Nunca se investiu tanto nisso. Hoje em dia, há quem contrate inovações de redes até pela internet.
Qual é a política da IDC diante do fenômeno de baixa qualificação?
Monitoramos o mercado como um todo e prestamos consultoria às empresas que procuram se modernizar. Aí os relatórios mostram o que falta para que o desempenho de cada uma seja o mais avançado possível. É uma espécie de busca contínua pelo que há de melhor.