Economia

'Embananou tudo', diz ministro Paulo Guedes sobre regra de ouro

Segundo ele, há divergências sobre os valores do crédito suplementar entre os parlamentares, que querem liberar um valor inferior aos R$ 248,9 bilhões previstos no projeto de lei

Rosana Hessel
postado em 29/05/2019 10:45
Paulo GuedesApós conseguir aprovar a Medida Provisória da reforma administrativa, a MP 870, no Senado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que está frente a mais um problema no Congresso, o projeto de lei que trata do crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para o cumprimento da regra de ouro, o PLN 4/2019. ;Embananou tudo;, disse ele nesta quarta-feira (29/5), durante a abertura do seminário ;Produtividade e Crescimento Econômico no Brasil;, organizado pelo governo brasileiro em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

;A equipe técnica (do governo), quando resolveu mandar, viu que ela já tem origem para alguns cento e pouco (bilhões de reais). Então, em vez de pedir os R$ 250 bilhões, poderia pedir menos. O embanamento é isso. Está todo mundo preparado para aprovar uma coisa a aí chega outra coisa. Aí começa a discussão;, afirmou. Ele contou que o relator da matéria, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA),está cogitando um valor menor para o crédito suplementar, de R$ 146,7 bilhões, e, se fosse necessário mais, haveria um novo projeto de lei adicional no futuro. ;Isso é uma duplicação de esforços. Não é sensato botar em risco Previdência, Bolsa Família, Plano Safra, tudo isso, apenas por essa diferença técnica de aprovar o todo ou uma parte. Aprova o todo logo que simplifica tudo;, criticou.

Guedes contou que foi informado hoje sobre esse problema de divergência dos valores para o crédito suplementar, uma vez que existem fontes de recursos, como a devolução de empréstimos da União ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), neste ano, e parte do lucro contábil com reservas cambiais em dólar registrado em 2018 que poderiam ser utilizados para abater parte desse montante que está no PLN 4/2019, enviado em março ao Legislativo e que precisa ser aprovado até junho para não comprometer o pagamento de despesas a partir de julho. ;Eles (os parlamentares) viram que poderia ser dividido em dois. Uma parte já temos fontes e outra parte não;, explicou. Segundo o ministro, estão incluídas na conta dos R$ 248,9 bilhões despesas como aposentadorias urbanas (R$ 201 bilhões), Benefício de Prestação Continuada - BPC (R$ 30 bilhões), subsídios do Plano Safra (R$ 8,2 bilhões) e Bolsa Família (R$ 6,2 bilhões).

Prevista na Constituição, a regra de ouro impede que o governo emita dívida pública para cobrir despesas correntes, como salários e benefícios previdenciários. Como existe um rombo de R$ 248,9 bilhões previstos no Orçamento deste ano para o cumprimento dessa norma, o Congresso precisa dar o aval para a emissão de crédito suplementar. Caso contrário, o presidente Jair Bolsonaro cometerá crime de responsabilidade fiscal e poderá sofrer um processo de impeachment.

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