Economia

Capitalização é uma forma de poupança garantida aos mais pobres

Paulo Guedes está confiante de que a proposta de reforma da Previdência será aprovada pelo Legislativo com uma potência fiscal de R$ 1 trilhão em 10 anos

postado em 30/05/2019 05:59
Paulo Guedes está confiante de que a proposta de reforma da Previdência será aprovada pelo Legislativo com uma potência fiscal de R$ 1 trilhão em 10 anosApesar do embate entre o governo e o Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, está confiante de que a proposta de reforma da Previdência será aprovada pelo Legislativo com uma potência fiscal de R$ 1 trilhão em 10 anos. Para ele, sem essa economia, o regime de capitalização, ou de poupança garantida ; como ele começa a denominar o futuro sistema ;, não vai decolar. ;Se a reforma for pouco potente, servirá apenas aos próximos dois governos. Se a reforma tiver de R$ 500 bilhões a R$ 700 bilhões de efeito, não lançaremos um novo regime (de capitalização). Não enviaremos os jovens em um foguete para a lua se não tivermos o combustível;, afirma.

Ao defender o sistema de capitalização, Guedes buscou simplificar o modelo, ressaltando que o dinheiro do trabalhador terá rentabilidade maior do que a que tem hoje, pois o Brasil é conhecido como ;o inferno dos empreendedores e o paraíso dos rentistas;. ;Capitalização é tudo o que os ricos fazem. Eles botam o dinheiro deles para trabalhar. Agora, deixar o pobre fazer o mesmo é crime. É uma burrice colossal;, ironiza ele, admitindo que ;dá vontade falar um palavrão;. ;Cadê a fraternidade e a solidariedade?;, questiona.

Sobre as críticas em relação ao modelo que é inspirado no do Chile, Guedes ressalta que as comparações são equivocadas. ;Não é verdade que querem tirar o dinheiro dos pobres. É mentira. É fake news. No sistema chileno, todo mundo se suicida. É mentira. Suicida-se mais no Brasil do que lá, e muito mais em Cuba. Aqui, é sistema de repartição. Sistema de repartição causa mais suicídio do que sistema de capitalização;, denuncia.

No novo regime de poupança garantida, o jovem menos favorecido está levando recurso para o futuro, de acordo com Guedes. Segundo ele, esse jovem começará a ser introduzido ao hábito de poupança. Além de receber um rendimento superior ao pago atualmente, ele terá a garantia de que receberá pelo menos um salário mínimo quando se aposentar, pois o governo fará a complementação caso falte, e as instituições que cuidarão desses fundos serão fiscalizadas e vigiadas. ;Essa poupança garantida vai render inflação mais 4% e, lá na frente, deverá ter mais que um salário mínimo. Mas se tiver menos, o governo cobre;, promete.

Lobby

Na avaliação do ministro, a reforma da Previdência ajudará a reduzir as desigualdades sociais, porque, no novo sistema, todos, político, militar, empregada doméstica, dona de casa, estarão na mesma faixa. ;Estamos colocando a coisa bem estreitinha ali na frente, de forma a reduzir as desigualdades sociais, removendo os privilégios sem atingir os mais frágeis;, frisa. Para ele, os mais resistentes à reforma são funcionários públicos, juízes e militares, que se aposentam antes de 50 anos e que, com a nova regra, precisarão trabalhar até 62 anos, no caso das mulheres, e 65 anos, no caso dos homens, sem poder receber o salário integral, a não ser que contribuam para um complemento.

Não é só. Guedes destaca que as aposentadorias dos funcionários do Legislativo são 20 vezes maiores que a média dos trabalhadores comuns que se aposentam pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). ;É evidente que o lobby contra está em Brasília. Está em todos os prédios. O lobby não está no Brasil. Não é o Brasil que está contra a reforma da Previdência. É Brasília que está contra a reforma da Previdência. É importante entender isso;, denuncia. ;Tem muito dinheiro em publicidade contra. Tem mobilização. Tem muita coisa para garantir os privilégios usando os frágeis de escudo;, emenda.

Rota equivocada

Para o ministro, o país está em uma ;rota equivocada; economicamente falando. ;A população foi se adaptando, a democracia foi se adaptando. Então, politicamente, nós fomos nos desenvolvendo e aperfeiçoando nossas instituições. E, economicamente, estamos em uma rota equivocada;, destaca. O diagnóstico de Guedes é o seguinte: depois de 30 anos de governos de centro-esquerda em oposição aos conservadores e militares, o Produto Interno Bruto (PIB) não anda, e o país é ;prisioneiro do crescimento baixo;. Nos últimos oito anos, o país cresceu, em média, 0,6% ao ano e não consegue reagir.

Esse quadro, acredita ele, fez com que houvesse uma guinada nas urnas. ;Há uma aliança de centro-direita, conservadora nos costumes e nos valores, liberais na economia. Pronto. Não tem nada de transcendental, nada de ameaçador. Nenhuma ameaça à democracia. Não existe isso. É uma crise fictícia;, afirma. O ministro defende uma melhor utilização dos recursos públicos para a retomada do crescimento. ;O país é riquíssimo. Basta nós deixarmos o país funcionar. E boa parte da nossa campanha foi exatamente esse diagnóstico: um governo dirigista, que deixa os orçamentos serem capturados por corporações. É um governo generoso e riquíssimo para quem captura o orçamento. Agora, não sobra recurso para atender o restante da população;, assinala.

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