Jornal Correio Braziliense

Economia

Para especialista, parte do FGTS deveria ser usada na capitalização

Presidente do Fundo Paraná de Previdência Multipatrocinada sugere usar porcentagens do FGTS como pilar da capitalização

Estudioso do sistema de Previdência, Renato Follador, presidente do Fundo Paraná de Previdência Multipatrocinada, sugere que o governo permita que o trabalhador possa aplicar 3% do valor do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) no pilar de capitalização da Nova Previdência e o empregador, 5%, como contribuição patronal.


Follador considera o texto enviado pela equipe econômica à Câmara dos Deputados, em fevereiro, muito complexo e de difícil entendimento para a compreensão população. Para ele, há uma dificuldade do governo em comunicar as razões sociais e econômicas que tornam a reforma da Previdência necessária. Para ele, não basta defender a reforma. É preciso explicar cada item do texto elaborado pela equipe econômica do governo. ;Como o povo vai apoiar uma reforma que não entende?;, questiona. Na sua opinião, o governo deveria propor uma reforma da Previdência limitada às mudanças que considera essenciais. Um dos itens que ele considera importante é elevar a idade da aposentadoria para 65 anos, sendo que homens teriam que acumular cinco anos a mais de contribuição. ;Temos que ser justo com as mulheres pela dupla jornada;, diz o especialista.

Ele propõe ainda igualar o teto do benefício para o setor público e para o setor privado e reduzir, gradualmente, o valor máximo das aposentadorias para três salários mínimos. Para mitigar o custo de transição da reforma, ele sugere que todos ;paguem um pedágio; de 50% no tempo que falta para a aposentadoria.

Transição

Follador admite que uma das dificuldades para levar o sistema previdênciário de um modelo para um novo sistema é o custo de transição. Na avaliação do especialista, a regra de transição para o regime geral e para os regimes próprios de previdência, ou seja, os dos servidores públicos, deve ser igual. Sua sugestão é de que o ajuste seja feito no tempo que falta para o trabalhador solicitar o benefício. ;Se faltam três anos para a pessoa se aposentar, ela trabalha um ano e meio a mais. Essa é uma regra simples de entender, fácil de comunicar e aceitável;, afirma.

Na avaliação dele, outra ;complicação; da proposta do governo é o cálculo dos benefícios que foi proposto pela equipe econômica, que ele considera confuso e propenso a injustiças. ;Uns se aposentariam mais cedo e, outros, mais tarde, o que causa confusão e injustiças. A reforma precisa ser simples e longeva;, opina o estudioso.

Follador diz mais: ;Hoje, a forma do cálculo é por idade e leva em conta o fator previdenciário, ou seja, 70% do benefício com 1% a mais por ano, considerando o tempo mínimo de contribuição de 15 anos. Com a nova proposta, seriam 2% adicionais ao ano, após 20 anos de contribuição. O governo fala em uma perda de 30%, mas essa perda é maior e para os mais pobres;, afirma.