Economia

Após 9 anos no vermelho, bolsa fecha maio em alta; dólar tem queda

A moeda americana fechou a R$ 3,92, com recuo de 1,37%

Gabriela Tunes*
postado em 31/05/2019 19:36
A moeda americana fechou a R$ 3,92, com recuo de 1,37%
A bolsa de valores venceu a maldição de maio. Após nove anos, ela não fechou o mês no vermelho. Este ano, ela terminou o mês com alta acumulada de 0,7%, e o dólar em seu valor mais baixo de maio, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar taxação sobre produtos mexicanos. Nesta sexta-feira, o dólar fechou a R$ 3,92, com queda de 1,37% e a bolsa com 97.030 pontos, com queda de 0,44% . Ano passado, a bolsa fechou maio aos 76.753 pontos.

Segundo Bolívar Godinho, professor de finanças da Unifesp, a melhora da bolsa neste mês reflete uma recuperação dela, diante do encaminhamento do otimismo da aprovação da reforma da Previdência. "Ainda não entendo como uma força de mercado, mas recuperação frente a novas propostas para a reforma da Previdência", disse. Para ele, o cenário interno está falando mais alto. "Acredito que a questão de discussão do Banco Central sobre queda de juros e boas perspectivas sobre a aprovação da reforma influenciam mais nesse momento", opinou.

Nesta sexta-feira, Trump anunciou tarifa de 5% sobre todas as importações mexicanas. Segundo ele, a taxação é uma forma de evitar a imigração ilegal. As tarifas começam a partir de 10 de junho e vão valer até o país interromper o fluxo de imigrantes ilegais nos EUA, podendo subir cinco pontos percentuais por mês, caso a crise de imigração não melhore.

A notícia da taxação derrubou os índices das bolsas americanas e aumentou a preocupação dos investidores com a guerra de tarifas. Em meio à tensão comercial com o México, a atividades de setores de indústria e serviços da China tiveram uma queda. No México, o anúncio fez o peso mexicano cair 2,5% e ceder espaço para o real, uma das moedas mais atrativas da América Latina. Até quarta-feira (29/05), o peso mexicano era uma das poucas moedas que subiam ante o dólar.

De acordo com Bruno Fernandes , professor de finanças do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, a cruzada de Trump com outros países enfraquece, a longo prazo, a economia americana, o que faz o dólar cair. "O mercado financeiro leva em conta esse fator futuro", disse. Segundo o professor, a percepção de que a economia americana vai sofrer no futuro valoriza o real. "O dominador, que é o dólar, diminui e o resultado da fração aumenta", explicou. Para ele, as barreiras contra o México beneficiam o Brasil a curto prazo, já que os EUA devem diminuir as exportações do México e, então, aumentar as do Brasil. "Entrará mais dólar no Brasil, valorizando o real", disse.

Sidnei Nehme, economista-chefe da NGO Corretora, afirma que a queda do dólar foi natural e que os próximos meses vão ser de inflexão para o mercado brasileiro. "Em junho, vamos ter uma derrocada muito forte do dólar e da bolsa. Ele pode fechar o mês a R$ 3,80, pois não há movimentação de saída de dólar", opinou. Segundo ele, a alta da moeda ocorre devido ao movimento especulativo em mercado futuro, o qual foi fragilizado com otimismo do caminhar da aprovação da reforma da Previdência. "O investidor estrangeiro ancora especulação na propagação que vamos ter caos", completou.

* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca

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