Agência Estado
postado em 31/05/2019 18:21
Depois de quatro altas consecutivas na semana, o Índice Bovespa sucumbiu diante do mau humor nas bolsas de Nova York nesta sexta-feira, 31, de aversão ao risco no exterior. A bolsa brasileira andou na contramão dos mercados internacionais durante boa parte do dia, chegando a flertar com o patamar dos 98 mil pontos. No entanto, perdeu fôlego no meio da tarde e terminou o dia aos 97.030,32 pontos, em baixa de 0,44%.
Mesmo com a queda desta sexta, o Ibovespa escapou da "maldição de maio" e encerrou o mês em alta de 0,70%. Um resultado positivo em maio não acontecia desde 2009 (+12,49%). Embora aparentemente tímido, o ganho mensal este ano teve gosto de vitória entre analistas e operadores, uma vez que as bolsas internacionais encerraram o mês com quedas bastante expressivas.
Maio também foi marcado por uma inversão de expectativas no mercado em relação à reforma da Previdência. No último dia 17, o Ibovespa perdeu o patamar dos 90 mil pontos, chegando a contabilizar queda de 6,6%. Naquele momento, pesavam as dúvidas quanto à capacidade de articulação do governo no Congresso em prol da reforma. A recuperação veio em seguida, alimentada pela mudança de postura de integrantes dos Poderes Legislativo e Executivo, mais proativa e conciliadora. Manifestações populares contra e pró-governo também marcaram o período.
"Terminamos maio com a percepção de que a reforma da Previdência tem 80% de chances de passar em tempo oportuno e próxima da economia desejada pelo ministro Paulo Guedes. Se tudo correr bem, terminaremos junho aumentando essa expectativa para 90%", disse Ariovaldo Ferreira, gerente de mesa de renda variável da H.Commcor. Para ele, o desempenho do índice em maio foi bastante razoável, considerando a aversão ao risco no exterior, com Estados Unidos e China travando um embate nas suas relações comerciais.
"Se o cenário político seguir favorável e o exterior não causar grandes transtornos, junho será o mês em que o Ibovespa voltará a tocar os 100 mil pontos. Para isso, basta subir mais 3%", observa Ferreira.
A queda do dia foi determinada principalmente pelas ações de empresas de commodities, que refletiram o temor de guerras comerciais e recessão global. Com o petróleo registrando quedas de até 5% no mercado externo, as ações da Petrobras terminaram o dia com baixas de 2,15% (ON) e de 2,29% (PN). Vale ON perdeu 2,02%.
Os papéis do setor financeiro também se renderam à realização de lucros recentes, após ganhos significativos no acumulado do mês. Itaú Unibanco PN caiu 0,23% no dia, mas contabilizou alta superior a 3% em maio.