Enquanto isso, as pessoas que estão sem renda mensal se viram para conseguir pagar as contas. Evaldo Pereira, 46 anos, está desempregado desde abril. Ele já trabalhou como garçom, frentista e está à procura de novas vagas. Segundo Pereira, mesmo tendo experiência e dedicação, está difícil conseguir espaço no mercado. ;Eu acho que minha idade está pesando. Eu já não sou mais tão novo. Mesmo estando capacitado, não me contratam;, lamentou.
A espera de Phabyola Alves, 30, é ainda maior. Ela está desempregada desde 2015 e busca recolocação no mercado, na área jurídica. Phabyola está cursando direito, mas disse que as vagas de emprego estão exigindo muito. ;As exigências são bem fora da minha realidade, muitos pedem inglês fluente, carro e experiência numa área onde quero atuar, mas ainda não tive oportunidade;, destacou.
Dificuldade
A saga para conseguir espaço no mercado é complicada, segundo dados do IBGE. A população desocupada aumentou 4,4% no trimestre encerrado em abril, em relação aos três meses anteriores (novembro, dezembro e janeiro). Além disso, falta emprego para 28,4 milhões de pessoas, que fazem parte dos subutilizados ; soma do número de desempregados, com subocupados (aqueles que trabalham menos de 40 horas por semana e gostaria de trabalhar mais) e a força de trabalho potencial, que é formada por pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuram por desalento ou procuram, mas não estavam disponíveis para trabalhar no momento da pesquisa.
Dentro do contingente de subutilizados, estão 4,9 milhões de desalentados. São aqueles que desistiram de procurar vaga porque achavam que não conseguiriam. Os dados desanimadores se somam à estagnação do emprego. A população ocupada ficou estável em 92,3 milhões, assim como a quantidade de trabalhadores com carteira assinada (33,1 milhões) e informais (11,2 milhões). O rendimento médio real habitual (R$ 2.295) e a massa de rendimento real habitual (R$ 206,8 bilhões) também se mantiveram.
O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, afirmou que o mercado de trabalho é uma variável que responde ao ciclo econômico. Como há um desaquecimento da economia desde o último semestre de 2018, a trajetória do emprego não é de melhora. ;Vamos continuar com esse ambiente quase recessivo. A taxa de desemprego, que está em 12,5%, deverá terminar o ano acima de 12%;, avalia.
Para ele, a aprovação da reforma da Previdência criará um clima de otimismo para investimentos e, consequentemente, de melhoria na quantidade de vagas. ;Com a economia ganhando força no segundo semestre deste ano, podemos ter um ganho de emprego no fim deste ano ou início do ano que vem, mas de forma ainda lenta e baseada em trabalhos informais por conta da fragilidade do mercado;, destacou.
Hélio Zylberstajn, economista e professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP), declarou que a recuperação será um processo de longo prazo, porque, de acordo com ele, ;o emprego é o último a acordar;. ;Aparentemente, a reforma da Previdência está andando e, em seguida, haverá uma reforma tributária. Se essas duas coisas acontecerem, o nosso cenário muda bastante. E aí a recuperação não fica tão distante;, disse.
Evolução trimestral (em milhões)
Fonte: IBGE
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira