Economia

Bolsa vence maldição de maio e fecha em alta

postado em 01/06/2019 04:05

Apesar de o último pregão do mês ter sido de baixa, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) venceu a maldição de maio, que nos últimos nove anos levou a B3 a fechar o mês no vermelho. Ao cair ontem 0,44%, aos 97.030 pontos, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou o mês em alta de 0,7%. Na contramão, o dólar atingiu o menor valor de maio, de R$ 3,925, em queda de 1,33%, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar taxação sobre produtos mexicanos.

Segundo Bolívar Godinho, professor de finanças da Unifesp, a melhora da bolsa neste mês reflete o otimismo com a possível aprovação das mudanças nas regras de aposentadorias e pensões. ;Ainda não entendo como uma força de mercado, mas recuperação ante novas propostas para reforma da Previdência;, disse. Para ele, o cenário interno está falando mais alto. ;Acredito que a questão de discussão do Banco Central sobre queda de juros e boas perspectivas sobre a aprovação da reforma influenciam mais nesse momento;, afirmou.

Na quinta-feira, Trump anunciou tarifa de 5% sobre todas as importações mexicanas. Segundo ele, a taxação é uma forma de evitar a imigração ilegal. A cobrança começa a partir de 10 de junho e vai valer até que o país interrompa o fluxo de imigrantes ilegais para os EUA, podendo subir cinco pontos percentuais por mês caso a crise de imigração não melhore.

A notícia da taxação derrubou os índices das bolsas americanas e aumentou a preocupação dos investidores com a guerra de tarifas. Em meio a essa tensão comercial contra o México, as atividades de setores de indústria e serviços da China tiveram uma queda. No México, o anúncio fez o peso mexicano cair 2,5% e ceder espaço para o real, uma das moedas mais atrativas da América Latina. Até a última quarta-feira, o peso mexicano era uma das poucas moedas que subiam ante o dólar.

De acordo com Bruno Fernandes, professor de finanças do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, a cruzada de Trump contra outros países enfraquece, a longo prazo, a economia americana, o que faz o dólar cair. ;O mercado financeiro leva em conta esse fator futuro;, disse. Segundo o professor, a percepção de que a economia americana vai sofrer no futuro valoriza o real. Para ele, as barreiras contra o México beneficiam o Brasil a curto prazo, já que os EUA devem diminuir as importações do México e, então, aumentar as do Brasil. ;Entrará mais dólar no Brasil, valorizando o real;, disse.

Sidnei Nehme, economista-chefe da NGO Corretora, afirma que a queda do dólar foi natural e que os próximos meses vão ser de inflexão para o mercado brasileiro. ;Em junho vamos ter uma derrocada muito forte do dólar e da bolsa. Ele pode fechar o mês a R$ 3,80, pois não há movimentação de saída de dólar;, opinou.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira


  • Contas de luz mais baixas

    O consumidor terá um alívio em junho. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que as contas de luz vão ter a bandeira verde no mês, sem custo adicional. Em maio, as tarifas estavam com a bandeira amarela, com uma taxa extra de R$ 1 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. ;Embora junho seja um mês típico da estação seca das principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN), a previsão hidrológica para o mês superou as expectativas, indicando tendência de vazões acima da média para o período, o que possibilita manutenção dos níveis dos principais reservatórios próximos à referência atual;, informou a Aneel.

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