Economia

Crédito encolheu

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/06/2019 04:05
A fraca atividade econômica e a queda da demanda para o consumo fizeram desaparecer R$ 365 bilhões do mercado de crédito. Segundo o Banco Central (BC), de dezembro de 2014 a abril de 2019, o saldo de financiamentos caiu de R$ 3,632 trilhões para R$ 3,267 trilhões, tanto para as empresas, quanto para os consumidores. O desempenho dos empréstimos também influenciou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre. De acordo com o BC, o volume de crédito caiu de 52,3% para 47% em relação ao PIB no período, sinal de fraqueza para retomar o crescimento.

Para o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, boa parte das perdas estão relacionadas à diminuição da carteira do BNDES. Entre 2014 e 2018, o saldo da estatal passou de R$ 220 bilhões para R$ 70 bilhões . ;A redução do crédito direcionado se deve ao BNDES, que está abrindo espaço para o crédito livre e para a emissão de debêntures e outros instrumentos de mercado de capital;, comunicou a estatal, em nota.

Os dados do crédito em proporção do PIB mostram que, em 2019, os financiamentos voltaram a perder força. Em dezembro, a porcentagem chegou a atingir 47,7%, mas recuou para 47% em abril. O IBGE mostrou que o PIB recuou 0,2% nos três primeiros meses do ano, frente ao quarto trimestre de 2018. A última vez que o índice havia ficado no vermelho foi no quarto trimestre de 2016. Conforme dados do BC, o volume de crédito cresceu apenas 0,3% entre janeiro e maio, com queda de 2,8% para os financiamentos das empresas e avanço de 2,9% para os consumidores.

Guilherme Macêdo, sócio da Vokin Investimentos, afirma que a redução dos empréstimos do BNDES impacta bastante no mercado. Tanto é que, em recursos direcionados ; aqueles que são empréstimos subsidiados, principalmente pela estatal ; , o saldo tombou 4,2% para Pessoa Jurídica. ;A economia tem demonstrado recuperação, mas a mudança de perfil do BNDES mostrou que a iniciativa terá um protagonismo maior no mercado de crédito. Só que ainda não há oferta dos bancos porque a economia ainda está se recuperando de forma lenta. A sinalização é de que a iniciativa privada tenha mais espaço para realizar essas operações e a taxa deva cair pela concorrência mais para frente;, diz.

O economista Daniel Xavier explica que o mercado de crédito tem ritmo determinado pela atividade. ;Mas quando olhamos para o que os principais bancos estavam esperando, creio que os financiamentos estão surpreendendo para baixo. Lembro que apontavam uma expansão do crédito em torno de 10% e 11% em 2019, isso com o PIB rondando um crescimento de 2,5%.;

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