Hamilton Ferrari
postado em 04/06/2019 16:22
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, durante visita à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que o Brasil está como uma baleia ferida com arpões que não consegue se mover. De acordo com ele, o primeiro passo para curar os ferimentos e tirar o país da estagnação econômica é conseguir aprovar uma boa reforma da Previdência, que economize R$ 1 trilhão em 10 anos. As declarações foram dadas na tarde desta terça-feira (4/6) no plenário 2 do anexo II da Casa.
[SAIBAMAIS]
O interrogatório também contou com a presença de parlamentares da Comissão de Seguridade Social e Família e da Comissão de Educação. De acordo com Guedes, a reforma da Previdência é apenas o início de um processo para a retomada da confiança e da economia. Ele defendeu que há um ;buraco negro fiscal; que está engolindo o Brasil e, por isso, há a necessidade de se implementar a reforma da Previdência.
;Isso é recalibrar trajetória futura de despesas públicas. Não é só uma dimensão fiscal, mas tem, também, uma dimensão social de remover desigualdades e desequilíbrios;, disse. ;É inconcebível que a máquina pública vire uma máquina perversa de transferência de renda. É evidente que há algo de muito ruim a ser corrigido. O desajuste fiscal é a manifestação extrema da falta de controle sobre os gastos públicos;, completou.
Guedes explicou que o país já poderia estar vivendo uma crise se o Congresso Nacional não estivesse se debruçando sobre o tema. ;O dólar já poderia estar estourando;, citou. Para o ministro, o tema é fundamental para a retomada da confiança dos empresários e investidores. ;Nós estamos recalibrando esses privilégios. Estão sendo removidos, reduzidos. A reforma da Previdência é só o começo;, ressaltou. ;Queremos ter uma transferência virtuosa de rendas. Como há exemplos nos governos passados. O problema é quando há excesso e desvios. Essa potência fiscal nos permite escapar de uma armadilha que está aprisionando o Brasil em desemprego em massa e baixo crescimento econômico;, completou.
Investimentos
Sem citar a capitalização, Guedes defendeu que o novo modelo previdenciário que será proposto pelo governo ainda será discutido pelos parlamentares posteriormente, já que ainda será preciso um projeto para regulamentar as mudanças. O ministro destacou que isso permite ;a liberdade das futuras gerações;. ;Eles poderão entrar numa previdência diferente. Ela será tão solidária quanto essa de hoje. Apenas leva recursos para o futuro;, afirmou. ;A essência de solidariedade de gerações continua, mas em base sólida e acumulação de recursos;, acrescentou.
Guedes acredita ainda que as aposentadorias serão mais altas, porque aumentará a produtividade do país e, consequentemente, dos salários mínimos. ;Eu não tenho a menor dúvida, do ponto de vista técnico, que nós temo que libertar as novas gerações. Não é coincidência que o país cresce 0,5% ao longo dos últimos oito anos. O Brasil é uma baleia ferida que foi arpoada várias vezes, está sangrando e parou de se mover. Não tem direita ou esquerda, precisamos retirar os arpões;, disse.
Para o ministro, é preciso reerguer a economia brasileira e, o passo inicial, é pela reforma previdenciária. Se concretizada, com impacto fiscal de R$ 1 trilhão em 10 anos, haverá um empurrão de investimentos em ;10, 15 ou 20 anos;. ;Esse investimento começam a ir inclusive para a área social, saneamento e educação. São 15 crianças que morrem por minuto por falta de saneamento;, afirmou.