postado em 05/06/2019 04:05
A indústria nacional fechou abril com uma recuperação tímida de 0,3% e voltou a progredir depois do recuo de 1,4% em março, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, o crescimento ficou abaixo da mediana projetada pelo mercado para o mês, de 0,7%. Nos primeiros quatro meses do ano, o desempenho industrial ficou negativo em 2,7%.
;Nós começamos o ano com a indústria caminhando abaixo do que ela tinha conseguido nos primeiros meses de 2018;, reconheceu o gerente da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física do IBGE, André Macedo. Segundo ele, a maior influência para o resultado negativo partiu do setor extrativo, que caiu 9,7% em abril e contabiliza um recuo de 25,7% desde o início do ano. Nas palavras de Macedo, houve uma redução na produção de minério de ferro, decorrente do rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), em janeiro.
;Temos uma pressão negativa do setor extrativo, que não ficou restrita ao mês do acidente. Estamos observando que várias unidades produtivas dentro do segmento do minério de ferro têm demonstrado comportamento de queda. Isso afeta a produção da indústria extrativa como todo;, analisa.
Outros cinco ramos pesquisados pelo IBGE reduziram a produção em abril: de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,0%), de produtos de fumo (-1,9%), de impressão e reprodução de gravações (-1,8%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-1,4%) e de móveis (-0,4%). Vinte setores apresentaram evolução, como os de veículos automotores, de reboques e carrocerias (7,1%), de máquinas e equipamentos (8,3%), de outros produtos químicos (5,2%) e de produtos alimentícios (1,5%).
Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rafael Cagnin, o setor passa por um período delicado. Na opinião dele, a situação será revertida apenas quando o governo federal articular melhores políticas conjunturais para reativar a demanda e a oferta do segmento, especialmente com reformas estruturais, como as da Previdência e a tributária. Cagnin alerta que os resultados aquém do esperado podem elevar a pressão para a redução da taxa básica de juros (Selic), medida que auxiliaria na recuperação da produção e do emprego, além da retomada do crescimento econômico.