Economia

Via Varejo pode acelerar venda

Ações do grupo tiveram alta expressiva na bolsa paulista, um dia após a empresa comunicar que passará a operar com serviços financeiros gratuitos e digitais, a exemplo de concorrentes

postado em 07/06/2019 04:05
Ação da Via Varejo no projeto Aprender e Transformar, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul: companhia reúne as marcas Ponto Frio, Casas Bahia e Bartira, as operações digitais do Extra e do Barateiro, além da VVAtacado

São Paulo ;
Um dia depois de anunciar sua entrada no segmento financeiro, como uma espécie de banco digital, a Via Varejo viu suas ações apresentarem uma alta relevante na B3, a bolsa paulista, fechando o dia com valorização de 6,45% ; a maior do dia. A companhia reúne as marcas Ponto Frio, Casas Bahia, Bartira, as operações digitais do Extra e do Barateiro, além da VVAtacado.

O desempenho dos papéis da Via Varejo na bolsa refletiu a opinião do mercado de que o anúncio da última quarta-feira trará ganhos para o portfólio e para o caixa da companhia. Essa análise é feita porque o banco digital banQi, nome da nova fintech, desenvolvido em parceria com a startup americana Airfox, especializada em soluções de pagamentos móveis e digitais, já nasce tendo como ponto de partida uma base de clientes bem relevante por conta do tamanho da rede de lojas da companhia.

A parceria entre as duas empresas foi anunciada em setembro passado e, desde então, elas vêm trabalhando no desenvolvimento da operação financeira. No foco do negócio está a população de baixa renda, que costuma ter problemas de acesso ao crédito nos bancos tradicionais. A plataforma gratuita poderá ser acessada pelo Android.

A entrada no setor de bancos se junta a uma outra informação que vem ganhando espaço nas últimas semanas: o interesse de Michel Klein, da família fundadora da Casas Bahia, pelo controle da operação da Via Varejo.

Quando reassumiu a presidência da Via Varejo, em dezembro passado, passando a acumular com o posto de principal executivo do GPA, Peter Estermann afirmou que sua prioridade seria retomar o crescimento de vendas. Mas essa não é a única tarefa do executivo. Sua missão também é encontrar um comprador para a Via Varejo até o fim do ano, ou seja, ele tem menos de seis meses pela frente.

Desafio


Não é uma tarefa fácil, ainda mais com o atraso na expectativa que o mercado tinha para a aprovação da reforma da Previdência e a queda na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019.

Prova dessa dificuldade é que faz pelo menos três anos que se tenta encontrar quem queira ficar com o controle da Via Varejo. Nesse período, o GPA investiu na revitalização do negócio, principalmente nas plataformas digitais, para não perder espaço para os concorrentes e também para tentar aumentar a atratividade da operação varejista.

Por meio do banQi, a Via Varejo passa a oferecer conta digital e a possibilidade de pagamento de boletos e de carnê digital, além de transferências e recarga de celular pré-pago e do Bilhete Único ; cartão usado no transporte público na cidade de São Paulo.

A companhia espera incluir outros serviços, como empréstimos pessoais, saques, cartão pré-pago, conta remunerada, seguros, portabilidade de conta salário, cashback e cartão de crédito.

A meta da direção da Via Varejo está longe de ser modesta. A previsão é que em menos de um ano o banQi chegue à liderança no mercado digital, roubando a posição do Nubank, hoje dono de uma carteira com cerca de 8,5 milhões de clientes. Para isso, a empresa deve fazer a divulgação do novo serviço financeiro nas lojas da Casas Bahia, que até o final de julho passarão a se integrar à operação do banQi. Os serviços, no entanto, serão oferecidos mesmo a quem não é cliente da rede varejista.

Cautela

Todo esse movimento em torno de uma plataforma digital de meios de pagamento serviu para dar um fôlego às ações depois de alguns dias de incerteza entre os acionistas, que viram com cautela o movimento de Michael Klein para tirar o controle da Via Varejo das mãos do GPA, numa operação assessorada pela XP Investimentos e que tenta trazer investidores para o negócio.

Isso resultaria em uma estrutura societária em que fundos usariam recursos para a aquisição da empresa, exigindo do filho do fundador um desembolso pequeno. As ações do GPA na Via Varejo seriam pulverizadas nesses fundos, evitando que se configurasse uma troca de controle da varejista.

Seja quem for o próximo dono da Via Varejo, terá a chance de levar para casa, além da operação de varejo, uma plataforma digital de operações financeiras, o que aumenta a atratividade do negócio.

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