Gabriela Tunes*
postado em 12/06/2019 18:15
As vendas do comércio varejista em abril caíram 0,6%, em comparação a março, retratando o pior desfecho do mês desde 2015. Os resultados surgiram após as vendas ficarem estáveis em fevereiro, com queda de 0,1% e em março, com alta de 0,1%. Os dados foram divulgados ontem (12/06) pelo instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para André Perfeito, economista da Necton, os resultados vieram ruins devido a demandas fracas para o setor, o que confirma a desaceleração da economia. ;Isso mostra que entramos com o pé esquerdo no segundo trimestre do ano;, disse. Segundo o economista, como consequência, os resultados podem pressionar o Banco Central para o corte da taxa de juros.
Comparando-se a março de 2018, o comércio avançou 1,7% após recuar 4,4% em março. Os resultados de abril mostram que a queda do setor foi puxada pelos hipermercados, que tiveram queda de 1,8% e pelo vestuário, que teve queda de 5,5%. De acordo com Isabella Nunes, gerente da pesquisa, o comércio tem se limitado ao consumo de bens básicos porque as famílias estão cada vez mais cautelosas com seus gastos.
Segundo a pesquisadora, os hipermercados têm influência inflacionária que faz as pessoas consumirem produtos mais baratos. ;As pessoas não estão deixando de comer, mas fazem substituição por produtos mais baratos, o que diminui a receita dos supermercados;, explicou. Já os vestuários são influenciados por datas comemorativas e mudanças climáticas, o que não ocorreu em abril. ;Vestuário é um consumo postergado e abril não é um mês forte para ele;, explicou.
De acordo com o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Victor Gomes, o varejo significa mais de 60% do PIB brasileiro e seu resultado sinaliza um crescimento fraco do indicador. Para ele, as expectativas de melhora para o setor vão acontecer com a aprovação de reformas econômicas, como a da previdência e a tributária. Essas aprovações facilitarão a entrada de investimentos no país, com geração de lucros maiores e, logo, uma maior movimentação do comércio. ;O varejo é um elo para economia. Seu forte resultado é consequência de uma economia fortalecida;, completou.