Economia

Bancos públicos devem R$ 83,3 bi ao Tesouro

Caixa Econômica devolve R$ 3 bilhões aos cofres da União. Ministro da Economia ressalta início da "despedalada" das instituições públicas, que passarão a ter uma relação "mais fraterna", com crédito aos mais necessitados

Correio Braziliense
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postado em 13/06/2019 04:15
Paulo Guedes com Pedro Guimarães: bancos públicos cometeram excessos com recursos públicos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, em conjunto com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou ontem a devolução, ;pela primeira vez na história do Brasil;, de R$ 3 bilhões ao Tesouro Nacional ; dívida que tem um custo anual de 18%. Ao todo, os bancos públicos ; Caixa, Banco do Brasil (BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Banco do Nordeste e Banco da Amazônia (Basa); devem ao governo R$ 83,3 bilhões.

Guedes fez questão de ressaltar que o governo está cumprindo promessa de campanha de ;despedalar ;os bancos públicos. ;É importante dizer que não é jogar dinheiro para cima. O dinheiro volta para o Estado. Estamos despedalando. Com isso, estamos resgatando a dívida pública;, destacou.

O ministro aproveitou a oportunidade para, mais uma vez, criticar os métodos da gestão anterior, ao lembrar que, antes, as instituições financeiras davam créditos baratos a privilegiados, o que fez o Brasil virar ;o paraíso dos rentistas e o inferno dos investidores;. ;Houve muitos empréstimos da União aos bancos públicos. Cometeram excessos com recursos públicos, como BNDES e Caixa. As pedaladas levaram ao impeachment (de Dilma Rousseff). Nossa responsabilidade é devolver, dentro, inclusive, das exigências do Tribunal de Contas da União (TCU);. Pedro Guimarães destacou que a Caixa, desde a semana passada, iniciou um processo de renegociação de dívidas de pequeno valor (a maioria até R$ 1 mil) com desconto de 82,78%.

Com esse reforço de caixa, a ideia é expandir o crédito para os mais necessitados. ;Existem mais de 100 mil débitos atrasados há mais de um ano.;, afirmou Guimarães. Mesmo sendo de tendência liberal, Guedes mencionou que com esse mecanismo de devolução de recursos, os bancos públicos ;vão se tornar mais fraternos;. ;Com a folga de capital, a Caixa está dizendo que é o banco do povo. Um governo mais eficiente é um governo mais fraterno;, disse. O ministro adiantou, ainda, que em 90 dias o governo federal vai fazer uma campanha publicitária para esclarecer as regras para renegociação de dívidas com empréstimos para a compra da casa própria.

Antes do anúncio, Guedes se reuniu com os presidentes da Caixa, do Banco do Brasil, Rubem Novaes; e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy. De acordo com o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, o débito da Caixa em Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD) somam R$ 37,2 bilhões (excluídos os R$ 3 bilhões); o do BNDES, R$ 36 bilhões; o do BB, R$ 8,1 bilhões; o do Banco do Nordeste, R$ 1 bilhão; e o do Basa, R$ 1 bilhão.

Para o economista-chefe do Banco Modal Mais, Álvaro Bandeira, a medida ajuda a fugir da regra de ouro e tira pressão da dívida pública. ;Quanto mais o governo despedalar, melhor. É uma sinalização importante e melhora o ambiente para a reforma da Previdência, para a reforma tributária, para as privatizações e para a economia de uma forma geral;. Na análise do economista Eduardo Velho, sócio executivo da Go Associados, embora a quantia não seja significativa diante do tamanho da dívida pública, a devolução do dinheiro aos cofres do Tesouro ajuda a equilibrar a confiança dos investidores. ;É uma simbologia. Indica que o governo avança, sem reversão da pauta. As correções dos erros que prejudicaram o país estão em curso;, assinalou.

  • Renegociação

    O valor médio de pagamento no programa de renegociação de dívida promovido pela Caixa Econômica Federal ficou entre R$ 500 e R$ 600, segundo o presidente do banco Pedro Guimarães. ;Mais de 125 mil pessoas, em pouco mais de uma semana, voltaram a ter autonomia financeira;, afirmou, em referência às pessoas físicas que renegociaram a dívida com a instituição nas últimas semanas. Estão no escopo do programa de renegociação pessoas com dívidas de até R$ 2 mil. ;O desconto médio (na dívida) foi de 82,78%.;

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