Economia

Justiça proíbe greve de rodoviários no DF

Juíza do TRT da 10ª Região determina que 100% dos ônibus devem rodar em Brasília. Paralisação implicará multa de R$ 100 mil por empresa afetada. Na maioria das capitais, motoristas e cobradores aderiram ao movimento, assim como professores

Correio Braziliense
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postado em 14/06/2019 04:17
Iza Pereira já tem estratégia para o caso de ter dificuldade de chegar ao trabalho: vai usar transporte pirata e Uber

A greve geral marcada por centrais sindicais para hoje em todo o país deve afetar, na maioria das capitais, o transporte público e o funcionamento das escolas, principalmente públicas. A paralisação prevista para ocorrer das 6h às 18h é contra a reforma da Previdência em análise no Congresso, o contingenciamento de gastos em instituições públicas de ensino e pela criação de mais empregos.

No Distrito Federal, uma decisão da desembargadora Maria Regina Machado Magalhães, do Tribunal Regional do Trabalho da 10; Região (TRT10), frustrou a intenção dos rodoviários de pararem. Acatando um pedido das companhias Urbi, Piracicabana, Marechal, Expresso São José e Pioneira, a magistrada determinou o funcionamento de 100% dos ônibus sob pena de multa de R$ 100 mil por empresa afetada. Até o fechamento desta edição, o sindicato da categoria hão havia se posicionado sobre a determinação judicial.

Dessa forma, a tensão vivida por trabalhadores que estavam buscando estratégias para chegar ao emprego ou tinham negociado alternativas para não deixar de trabalhar foi minimizada. Durante a tarde, antes da decisão do TRT10, a cozinheira Iza Pereira, 26 anos, tinha decidido usar transporte pirata de São Sebastião, onde mora, até o Eixo Monumental, para não faltar. Na volta, gastaria um pouco mais, mas pegaria um Uber. Na ocasião, ela lamentou que todo o valor extra sairia do bolso dela. ;Se eu faltar, poderei ser descontada em um dia, isso se não rolar uma demissão;, disse.

Entre as categorias que aderiram à paralisação no DF, bancários, funcionários do Detran e professores de escola pública estarão em greve. Mas, se no DF, a decisão da Justiça impedirá a paralisação dos rodoviários, o mesmo não aconteceu em São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju, Maceió, Salvador, Natal e Fortaleza, onde motoristas e cobradores decidiram parar.

Professores da rede pública do DF entrarão em greve, também em defesa do fim dos cortes previstos pelo Ministério da Educação (MEC). O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Antônio Gonçalves, espera que o movimento seja pluralizado. ;Nossa expectativa não é de grandes atos de rua, mas que as atividades sejam paralisadas. Cada local com uma ação, sem uma única forma de expressão. Há um grande esforço para que o ato seja unitário entre a classe trabalhadora;, disse.

A expectativa é de que os docentes da rede pública parem também na capital paulista, na fluminense, mineira e na maioria das principais cidades nordestinas.

O impacto da paralisação na economia, contudo, não deve ser grande. O professor do Departamento de Economia da UnB Roberto de Góes Ellery Júnior considera o comércio o setor mais afetado, mas tranquiliza sobre os impactos econômicos que a greve deve gerar. ;Se a mobilização tiver sucesso, será equivalente a um feriado, não vai mudar a trajetória do PIB como a greve dos caminhoneiros,; analisou.

Justificativa

O advogado Maurício Corrêa da Veiga explica as condições dos trabalhadores. ;A greve acaba afetando todas as categorias, mas não é considerada como justificativa para ausência ao trabalho, então o dia, sim, pode ser descontado. Quem não quiser aderir pode ir trabalhar. Hoje há jurisprudência para que o empregador adote meios coercitivos para evitar que grevistas impeçam quem quer trabalhar;, disse.

Sobretudo com a dificuldade de locomoção, ele aconselha empregados e patrões a procurar meios alternativos, como home office e, se a presença for essencial, tentar colocar meios de transportes alternativos. (Colaborou Caroline Cintra)

* Estagiárias sob supervisão de Rozane Oliveira


  • Quem vai parar
    Confira os profissionais que devem participar da greve, de acordo com os sindicatos

    Categorias Situação no DF
    Aeroviários Não vão aderir
    Bancários Vão parar
    Funcionários da Caesb Não vão aderir
    Funcionários do Detran Vão parar. Só atenderão emergências
    Profissionais de educação pública Vão parar
    Metroviários Não vão aderir, trabalharão conforme determina liminar
    Rodoviários Por determinação da Justiça, não poderão parar
    Funcionários do Zoológico Não vão aderir

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