postado em 15/06/2019 04:21
O mercado financeiro fechou a semana temeroso de novos desentendimentos entre o Executivo e o Legislativo. A insatisfação do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o relatório da reforma da Previdência, apresentado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi explícita. Ele criticou o Congresso abertamente pelas mudanças feitas na proposta do governo, que diminuiu para ;R$ 860 bilhões o impacto da reforma na economia;. Em resposta, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou não ter compromisso como governo, que classificou como ;uma usina de crises;. Em meio a esse clima, o dólar terminou o dia cotado a R$ 3,899, com alta de 1,15%, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), aos 98.040 pontos, com queda de 0,74%.
De acordo com o economista Álvaro Bandeira, do Modal Mais, as expectativas fiscais continuam acima do esperado, já que estavam entre R$ 600 bilhões e R$ 700 bilhões. Para ele, os resultados do Ibovespa desta semana são um ajuste, pois ainda tem muito o que esperar do relatório pela frente. ;O quadro está apenas começando, ainda vai ter discussão, mudanças e acréscimos até o projeto ficar pronto;, explicou.
Para Bolívar Godinho, professor de finanças da Unifesp, a redução da economia já era esperada e pode ser que reduza ainda mais. Assim, não foi tão decepcionante para os investidores, tanto que na quinta-feira a bolsa fechou em alta. ;Não é realista imaginar uma proposta com todas as mudanças e que o Congresso não mexeria no relatório;, disse.
No cenário externo, a notícia de que a produção industrial da China desacelerou para menor taxa em 16 anos preocupou os investidores. Segundo Bolívar, o fato impactou bastante no recuo da bolsa brasileira. ;Hoje a queda veio muito pelo impacto do setor internacional. O crescimento da economia chinesa não é tão forte e afeta o mundo todo;, disse.
O mercado se sente pressionado também por tensões entre Irã e Estados Unidos. Ontem, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que as ações norte-americanas ameaçam a estabilidade do Oriente Médio. As afirmações ocorreram após os americanos acusarem o Irã de ser responsável pelo ataque que provocou incêndio em dois navios petroleiros no Golfo de Omã, na quinta-feira.