Economia

4,5 milhões de vagas perdidas

postado em 17/06/2019 04:16
Pelos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de 2014 a 2018, aumentou o número de eleitores com curso superior (completo e incompleto) em 7,6 milhões, e caiu em 15 milhões o dos que têm apenas o ensino fundamental incompleto. No entanto, no mercado de trabalho formal, houve pouca melhora. Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil está perdendo o bônus demográfico. ;Qualificação, confrontada com a experiência, perde o valor. A crise fez estragos irreparáveis. De 2014 para cá, a economia perdeu 4,5 milhões de vagas;, comenta.

;O nome disso é incerteza. Temos mais de 13 milhões de desocupados e 28 milhões de subutilizados. As pessoas precisam retornar ao mercado de trabalho formal, com garantias, com plano de saúde, com carteira assinada;, destaca Azeredo. Apesar do incentivo de governo e empresários ao trabalho intermitente, regulamentado na reforma trabalhista, Cimar assinala que essa modalidade não trará a confiança de volta. ;O trabalho intermitente não vai gerar garantia aos desempregados. Somente o formal, o fixo.;

Perdas
O técnico do IBGE faz um resumo da crise que deixou as pessoas sem opção. ;Um jovem que tinha 24 anos ao sair da faculdade, em 2014, quando o mercado entrou em recessão, não encontra colocação devido à quantidade de gente sem emprego e com experiência. Também não pode recorrer aos concursos públicos, porque estão escassos. Então, vira motorista de aplicativo. Aí começa a subutilização por competência. Esse é o primeiro prejuízo. Depois, ele entra em outros processos de perda e fica desatualizado;, explica. Com isso, o valor de mercado do trabalhador cai ; com o salário.

Apesar do grande número de desempregados, a Pesquisa Qualificação Profissional 2016, da Fundação Dom Cabral, aponta que parcela significativa das 201 empresas consultadas (47,3%) tem dificuldade em contratar pessoal, principalmente na região geográfica de atuação (51,2%). Deficiência na formação profissional básica do candidato (48,3%), falta de experiência na função (40,8%) e pretensões de remuneração (22,9%) foram os entraves.

Luísa Simon, coordenadora de Recrutamento e Seleção da Softplan Planejamento e Sistemas, confirma. A empresa, com 90% de mão de obra especializada em desenvolvimento de software, tem 100 vagas abertas e não consegue preenchê-las. ;Procuramos pessoas até fora de Florianópolis ; sede da empresa. Mas o mercado de tecnologia é um nicho difícil, mesmo tendo competitividade e espaços para vários perfis;, conta Luísa. (VB)

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