Agência Estado
postado em 17/06/2019 10:08
O dólar mostra viés de baixa no mercado à vista nesta segunda-feira, 17, em meio ao otimismo com a reforma da Previdência e um viés de queda da moeda americana no exterior. Nos primeiros negócios, a moeda americana chegou a subir pontualmente acima dos R$ 3,90, precificando novos ruídos políticos no governo Bolsonaro com o pedido de demissão do presidente do BNDES, Joaquim Levy, segundo um operador de câmbio.
Investidores estão na expectativa pelas decisões de juros do Copom e do Federal Reserve, na quarta-feira, 19, no mesmo dia em que o ministro da Justiça, Sergio Moro, irá a audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para falar sobre o vazamento de supostos diálogos seus quando era juiz com procuradores da operação Lava Jato.
As chances de corte de 0,25 ponto porcentual da Selic esta semana aumentaram, embora a precificação majoritária ainda seja de manutenção da taxa em 6,50% ao ano. Para o Fed, as apostas majoritárias são também de sinalização de corte da taxa dos Fed Funds para as próximas reuniões.
Na sexta-feira, dia 14, o dólar acelerou à tarde a alta, após declarações duras do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, sobre o parecer da reforma da Previdência apresentado na comissão especial da Câmara. Em conversa com jornalistas no Rio, Guedes disse que, com seu parecer, o relator da previdência, deputado Samuel Moreira, abortou a nova previdência e cedeu ao "lobby dos servidores públicos" com alteração das regras de transição. Em vez dos R$ 913,4 bilhões que constam no relatório de Moreira, Guedes calcula que a economia em dez anos será de R$ 860 bilhões, o que inviabilizaria a transição para o regime de capitalização.
O ministro também criticou o aumento de alíquotas da Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre bancos e a possibilidade de que os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) deixem de ser repassados ao BNDES e passem a engordar os cofres da Previdência.
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocou o ministro Guedes no grupo de membros do governo de Jair Bolsonaro que são responsáveis por crises políticas. "É triste ver um ministro que sabe do nosso esforço criar uma crise. Mas não vamos entrar nessa usina de crises que é o atual governo, e infelizmente o ministro Paulo Guedes passa a ser um ator dessas crises", disse.
"O ministro da Economia sempre foi o bombeiro (de situações de crise), agora o bombeiro é o Parlamento", afirmou. Maia disse que não se sente traído por Guedes, porque não tem compromisso com o governo. O presidente da Câmara disse ter certeza que o plenário da Casa vai aprovar uma reforma da Previdência com uma economia fiscal em torno de R$ 900 bilhões em dez anos.
Ficam no radar também, antes do feriado de quinta-feira, 20, os destaques que podem ser apresentados ao texto da reforma da Previdência.
No exterior, o dólar se enfraqueceu um pouco mais em relação ao iene e o euro, após a distrital de Nova York do Federal Reserve divulgar que o seu índice de atividade industrial Empire State caiu a -8,6 em junho, na contramão das projeções de alta a 10,5. Trata-se do maior recuo mensal da série histórica do indicador.
Às 9h51 desta sexta, o dólar à vista tinha viés de baixa, a R$ 3,8986 (-0,01%). Na mínima, caiu aos R$ 3,8861 (-0,33%) e, na máxima, subiu a R$ 3,9061 (+0,18%). O dólar futuro para julho subia 0,05%, a R$ 3,9015, após oscilar de R$ 3,8885 (-0,28%) a R$ 3,9090 (+0,24%).
Em Nova York, o dólar operava próximo à estabilidade, a 108,58 ienes, ante 108,55 no fim da tarde de sexta-feira, enquanto o euro avançava a US$ 1,1238, de US$ 1,1211 no fim da sessão anterior.