Economia

Alvo de investigações da Lava-Jato, Odebrecht pede recuperação judicial

Com dívida de R$ 80 bilhões e com execuções em curso, a empresa está sem alternativas para resolver seu problema de liquidez financeira

Agência Estado
postado em 17/06/2019 18:14

Com dívida de R$ 80 bilhões e com execuções em curso, a empresa está sem alternativas para resolver seu problema de liquidez financeiraUm dos principais alvos das investigações da Operação Lava-Jato, a construtora Odebrecht ajuizou, nesta segunda-feira (17/6), pedido de recuperação judicial na comarca da Capital de São Paulo. O pedido, o maior da história do país, contempla R$ 51 bilhões de dívidas concursais, ou seja, passíveis de proteção de credores pela Justiça.

O pedido foi feito em conjunto com suas controladoras e algumas controladas. No montante total, estão excluídos os valores entre as próprias empresas do Grupo e créditos extraconcursais. Não estão incluídas no pedido: Braskem, Odebrecht Engenharia e Construção, Ocyan, OR S.A., Odebrecht Transport, Enseada Indústria Naval, assim como alguns ativos operacionais na América Latina e suas subsidiárias. Também estão fora da recuperação judicial a Atvos Agroindustrial (que já se encontra em recuperação judicial) e a Odebrecht Corretora de Seguros, Odebrecht Previdência e Fundação Odebrecht.


Com dívida de R$ 80 bilhões e com execuções em curso, a empresa está sem alternativas para resolver seu problema de liquidez financeira. O grupo informou que não vai comentar o assunto.


Na última semana, a Caixa, uma das credoras da empresa, iniciou processo de execução das dívidas da empresa. A execução corre em segredo de Justiça, como desdobramento da pressão que o banco público vem fazendo contra o grupo desde o pedido de recuperação judicial da Atvos, braço de açúcar e álcool da holding, no fim de maio.

A Atvos, que tem dívida de quase R$ 12 bilhões, foi a primeira companhia do grupo a recorrer à proteção da Justiça para renegociar seus débitos. Até a semana passada, os grandes bancos brasileiros negociavam em conjunto uma recuperação extrajudicial do grupo Odebrecht.

"Medida mais adequada"

"Frente ao vencimento de diversas dívidas, da ocorrência de fatos imprevisíveis e dos recentes ataques aos ativos das empresas, a administração da ODB, com autorização do acionista controlador, concluiu que o ajuizamento da recuperação judicial se tornou a medida mais adequada para possibilitar a conclusão com sucesso do processo de reestruturação financeira de forma coordenada, segura, transparente e organizada, permitindo, desta forma, a continuidade das empresas e de sua função social", diz a empresa, em comunicado.

De acordo com a Odebrecht, tanto as empresas operacionais como as auxiliares e a própria ODB continuam mantendo normalmente suas atividades. Conforme a empresa, o Grupo Odebrecht chegou a ter mais de 180 mil empregados cinco anos atrás. Hoje, tem 48 mil postos de trabalho como "consequência da crise econômica que frustrou muitos dos planos de investimentos feitos pela ODB, do impacto reputacional pelos erros cometidos e da dificuldade pela qual empresas que colaboram com a Justiça passam para voltar a receber novos créditos e a ter seus serviços contratados".

A Odebrecht afirma ainda que continua empreendendo todos os esforços para otimizar sua liquidez e normalizar sua estrutura de capital, "com o objetivo de reestruturar seus negócios de forma definitiva, viabilizando, assim, a manutenção dos empregos, do conhecimento tecnológico brasileiro e a criação de valor sustentável no interesse da sociedade e demais partes interessadas".

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