Agência Estado
postado em 18/06/2019 07:06
O Nubank levantou mais R$ 375 milhões em recursos para dar sequência a seu plano de expansão. Após se consolidar como uma alternativa aos grandes bancos no País, a fintech (startup de serviços financeiros) brasileira pretende, agora, avançar para a América Latina. Avaliado em US$ 4 bilhões e ganhando porte no Brasil, o Nubank usará os recursos para tocar operações internacionais, como a do México e da Argentina, onde já está presente.
O Nubank recebeu o aval do Banco Central para operar como instituição financeira em novembro. A autorização permitiu que a fintech pudesse operar como um banco, não dependendo mais de parcerias para captar recursos e oferecer crédito a seus clientes.
Longo prazo. Assim, a startup começou a avançar em diferentes áreas e marcou essa nova captação por uma inovação: fez a primeira oferta pública com letra financeira subordinada do mercado. Trata-se de um modelo de investimento criado em 2010 que permite a bancos captar recursos de longo prazo, o que os protege em caso de crise, por exemplo.
Até então, só haviam ocorrido emissões privadas no mercado brasileiro. O Nubank estreou a nova modalidade com uma oferta de R$ 75 milhões e atraiu cinco investidores institucionais. O prazo de vencimento dos títulos é de 10 anos, com opção de recompra a partir do quinto ano e taxa prefixada.
"Isso é resultado da confiança dos investidores na nossa estratégia e também do trabalho dos nossos times que mostraram que podemos inovar até mesmo nas nossas captações no mercado", disse Gabriel Silva, diretor financeiro do Nubank, ao Estadão/Broadcast.
Na mesma operação, o Nubank captou outros R$ 300 milhões via letras financeiras sênior. Com demanda de 1,5 vez, a oferta teve participação de 18 investidores institucionais, com remuneração de 116% do CDI e prazo de dois anos.
Parte desses recursos serão usados para a expansão internacional, que começou no mês passado. No México, a expectativa é que a operação da startup chegue a 100 funcionários até o fim do ano. Além de buscar o mercado consumidor local, a ideia é desenvolver naquele país um hub de inovação, semelhante ao que o Nubank tem hoje em Berlim. Segundo o Banco Mundial, 36 milhões de mexicanos não têm conta bancária e apenas um quarto da população têm cartão de crédito.
Já no país vizinho, o banco está de olho em um público de 16 milhões de argentinos que não possuem acesso ao sistema bancário. As captações ocorrem menos de um ano após o Nubank ter constituído sua própria financeira, a NuFinanceira.
Não foi a única novidade. Nos últimos dois anos, o Nubank reforçou seu portfólio: lançou uma conta corrente digital, a NuConta - utilizada por mais de 5,5 milhões de brasileiros, um cartão de débito para pagamentos e saques nos caixas eletrônicos da rede Banco24Horas e passou a conceder empréstimos a seus clientes.
Este mês, o banco digital também passou a oferecer aos usuários da NuConta uma modalidade de investimento similar ao tradicional Certificado de Depósito Bancário (CDB).
Captações. Em paralelo, o Nubank segue reforçando sua estrutura de capital. Além das emissões de letras financeiras, em março captou R$ 500 milhões por meio de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) para financiar a operação de cartões.
Considerada a maior fintech da América Latina com mais de 9 milhões de clientes, o Nubank já arrecadou US$ 420 milhões desde que foi fundado, em 2013, pelo colombiano David Vélez. Dentre os que apostaram na empresa, estão nomes como a gigante chinesa Tencent, dona do aplicativo de mensagens WeChat, e fundos como Sequoia Capital e Ribbit Capital.
O Nubank fechou o ano de 2018 com prejuízo de R$ 100,3 milhões. As perdas foram 14% menores do que em 2017.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.