Economia

''Situação extremamente tranquila'', diz presidente do BB sobre Odebrecht

A empresa entrou com o pedido na Justiça nesta segunda-feira (17/6) após graves problemas financeiros

Hamilton Ferrari
postado em 19/06/2019 11:59
A empresa entrou com o pedido na Justiça nesta segunda-feira (17/6) após graves problemas financeirosO presidente do Banco do Brasil (BB), Rubem Novaes, disse que a recuperação judicial da construtora Odebrecht tem uma situação extremamente tranquila para a instituição financeira, que é uma dos credores. A empresa entrou com o pedido na Justiça nesta segunda-feira (17/6) após graves problemas financeiros.

O rombo total chega a R$ 98,5 bilhões, se forem somadas as dívidas feitas entre as próprias empresas da Odebrecht. Com o Banco do Brasil, a Odebrecht tem uma dívida de R$ 4,75 bilhões. As declarações do presidente do BB foram dadas após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na sede da pasta, em Brasília.

Para Novaes, a recuperação judicial da Odebrecht já era esperada. ;Os bancos estão preparados em termo de provisões (financeiras) para enfrentar a situação. Vamos procurar para ver agora qual é o melhor caminho;, destacou. ;Nós estamos muito bem provisionados. E, ao final deste processo tem o chamado haircut (abatimento do imposto cobrado quando a empresa negocia uma redução da dívida);, completou.

De acordo com ele, o Banco do Brasil está a descoberto por cerca de R$ 4 bilhões. Do total, R$ 2 bilhões são em provisões. ;Qualquer haircut inferior a 50% o banco estaria até na posição de aumentar o lucro;, destacou Novaes. ;A exigência de provisão é de 30%. E nós temos provisão de 50%. A situação está extremamente tranquila;, completou.

O presidente do BB explicou ainda que a instituição financeira nunca vai perder tudo. ;Provavelmente perde um percentual daquilo que está em jogo;, afirmou. ;Tem uma composição das empresas com os credores, sob orientação de um juiz, que vê o que precisa para reduzir para permitir que a empresa continue (em funcionamento);, acrescentou.

Novaes lembrou que, no caso da recuperação judicial da companhia de telefonia Oi, o Banco do Brasil teve um aumento de rentabilidade após a operação. ;Isso porque nós estávamos mais provisionados do que era necessário. E a expectativa é de que, em relação à Odebrecht, venha a ocorrer o mesmo;, enfatizou.

Tesouro Nacional

O Banco do Brasil precisa devolver cerca de R$ 8 bilhões ao Tesouro Nacional. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo federal pretende ;despedalar; e recuperar os recursos que foram aplicados em estatais. Há duas semanas, a Caixa Econômica Federal devolveu R$ 3 bilhões aos cofres públicos.
Para Novaes, o BB tem uma situação diferente das outras estatais. ;Primeiro, porque nós temos acionistas minoritários. O mais importante é que os recursos que entraram no banco eram vinculados à empréstimos rurais. Eu só poderia devolver a medida que esses empréstimos fossem vencendo, porque estão presos a estas operações. Tem toda uma cronologia que precisa ser respeitada;, afirmou o presidente da instituição.

Ele disse que os recursos vão voltar esporadicamente. ;R$ 900 milhões num ano, R$ 1 bilhão no outro, R$ 600 milhões no próximo. Tem toda uma cronologia que nós já passamos para o ministério para que tenham esses dados a mão;, destacou. Perguntado sobre o prazo, ele ressaltou que a agenda não será cumprida necessariamente.
;Não necessariamente será seguido esse processo. Porque, pode até achar o governo, deixar esses recursos para reforçar o empréstimo para a agricultura. Então, não tem nada definido sobre isso;, argumentou o presidente do BB.

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