Economia

E agora, vale a pena estudar para concursos?

Especialistas alertam que a preparação deve continuar, mesmo com a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que "dificilmente" haverá novas seleções nos próximos anos. Para o segundo semestre, estão previstas provas para diplomatas e cargos do GDF

postado em 24/06/2019 04:16
As férias de julho são uma tentação para dar uma pausa nos estudos: palavra de ordem é manter o foco

A declaração do presidente Jair Bolsonaro, no último sábado, de que ;dificilmente; teremos concursos nos próximos anos no Brasil para economizar gastos com o funcionalismo federal assusta quem se prepara para as seleções. Porém, especialistas garantem que a rotina de dedicação constante não deve ser alterada e não há motivos para preocupação, nem mesmo no período de julho e as tradicionais férias. O professor e coordenador científico do Gran Cursos Online, Rodrigo Silva, garante: ;Só não vai valer a pena estudar para concurso quando rasgarem a Constituição e disserem que todos os cargos serão indicados por políticos;.

Silva afirma que a preparação dos candidatos para garantir uma vaga na carreira pública não deve parar de maneira alguma. ;A fala do presidente é direcionada ao Executivo Federal e mesmo assim, alguns órgãos, como a Polícia Federal, a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal dependem sempre dos servidores para cumprir os objetivos no âmbito nacional, como, por exemplo, fiscalizar a entrada de armas no país, fiscalizar desvio de verbas;, explica.

Além disso, o especialista garante que vale a pena continuar estudando também para as outras seleções, pois o Judiciário e o Legislativo não serão afetados pelo discurso do presidente. ;Temos também os concursos municipais e estaduais que seguem inalterados e grande parte da demanda hoje vem dos estados. Então, é necessário continuar estudando. O concurso sempre será a forma de entrar em cargos públicos e sempre vai existir;, garante.

Uma pausa na preparação, no entanto, pode ser uma tentação e tanto, principalmente quando a maioria das pessoas ao seu redor tem tempo livre para viajar e curtir um descanso. Porém, é preciso cuidado, especialistas não recomendam a trégua tendo em vista a iminência de editais já para o segundo semestre deste ano (veja quadro). Segundo eles, quem sai na frente tem mais chances de chegar em primeiro.

Para José Wesley Rocha Fernandes, que é servidor público e professor de disciplinas de administração para concursos, do preparatório IMP, os meses considerados ;férias; não servem de descanso para os concurseiros. ;Os candidatos não devem pausar em julho, por exemplo. Ou você fica imerso na preparação para concursos ou você descansa;, diz. Para Fernandes, neste momento de preparação não existe pausa. ;Muitos utilizam desse argumento de férias, inclusive, para justificar um descanso fora de hora ou até mesmo uma preguiça. Então, não é necessário parar.;

O professor ressalta ainda que estamos em um momento de espera por muitos editais federais, estaduais e locais e que, quem está disposto a passar, não tem tempo pra relaxar. ;O descanso tem que ser o período que a pessoa está dormindo, que é o normal de todos os dias. Mas, deixar de estudar no período de férias por causa de cansaço, isso não existe para quem quer concurso público;, diz.

Aprovação

A servidora pública Ane Gotlib, de 30 anos, garante que abdicar de descansos faz parte do processo de preparação. Ela conseguiu a tão sonhada aprovação para um concurso federal, com oito meses de estudo. Mas, para isso, muitas renúncias foram necessárias. ;Eu trabalhava e estudava ao mesmo tempo. Então, eu precisei estudar aos fins de semana e férias também. Inclusive as minhas férias eu tirei 20 dias antes da aplicação das provas do meu concurso e utilizei todo o tempo possível pra me preparar intensamente. Ficava trancada num cursinho durante as férias pra poder estudar;, comenta.

Ane afirma que o fato de ter aproveitado todos os momentos de tempo ;livre; para dedicação total aos estudos contribuiu muito para uma aprovação em pouco tempo de estudo. ;Minha rotina era sair do trabalho e ir pro cursinho. Nos fins de semana, eu só estudava. Nada de férias, nada de festa, nada de shows. Era só estudando mesmo. Isso, com certeza, me ajudou a passar;, conta. ;Quanto mais a gente se esforça e dedica o tempo em busca do seu objetivo, mais rápido ele é alcançado.;

Já o concurseiro Sérgio Ferreira Lima, de 37 anos, está estudando há quatro anos para a carreira policial. ;Um sonho de criança;, ele afirma. Formado em análise de sistemas e trabalhando atualmente na área, ele busca um serviço público para garantir a estabilidade que ele não tem na iniciativa privada. Sobre férias, garante: ;Pra quem está tentando uma vaga de concurso, essa palavra simplesmente não existe;.



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