Alessandra Azevedo
postado em 01/07/2019 16:59
Combater o deficit público é uma das tarefas enfrentadas no ;segundo capítulo; do Plano Real, afirma o economista Pérsio Arida, um dos idealizadores do plano, que completa 25 anos em 2019. Ex-presidente do Banco Central e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Arida conta que, desde 1994, quando a nova moeda foi implementada, esse é um dos maiores desafios do país e, nas palavras dele, ;uma batalha constante;.
[SAIBAMAIS]Em seminário sobre os 25 anos do real, na sede do Correio, Arida afirmou que o "capítulo dois é um processo em andamento". Para que o país tenha sucesso nessa fase, estabilizada a inflação, ;tem que cortar gasto e lutar por mais eficiência;. "O problema é que todo decifit tem uma razão de ser. Alguém está se beneficiando dele. Sempre tem um grupo de interesse. Você só percebe quando mexe, que, quando vai ver, é lobby daqueles que estão sendo atingidos;, comentou.
;Não tem solução milagrosa para nada. É um processo. Nesse caso, do Plano Real, ocorreu em duas etapas;, ressaltou. A segunda delas não é "uma história gloriosa, extraordinária", diferentemente do que foi a implementação do Plano Real, na primeira. É, nas palavras de Arida, "uma história de sustentação, de boas práticas econômicas;. Enquanto o primeiro capítulo terminou 25 anos atrás, quando o plano foi implementado, o outro começou naquela época, com o objetivo de sustentar as bases para que a nova moeda continuasse viável.
Hoje, o desafio é que o Brasil cresça. "A batalha do crescimento é uma batalha de reformas, para dar mais produtividade ao Brasil. A estabilidade monetária, o grande teste dela, vai acontecer quando o Brasil voltar a crescer, e crescer de forma acelerada", acredita. "Ao contrário do que muita gente pensa, nosso maior problema não é falta de demanda, ou que a política fiscal está contracionista. Nosso problema aqui é criar clima propício, mais segurança jurídica, boa reforma tributária. Todo país emergente que cresce é economia aberta", disse.
Segundo o economista, não adianta aumentar impostos para solucionar os problemas das contas públicas ; pode resolver topicamente, mas, depois, gera mais gastos. Também não dá para gerar ;um enorme superavit; de um dia para o outro, pontuou. ;Isso só vai acontecendo ao longo do tempo. Governo FHC terminou com 2,7% de superavit, mas demorou anos para chegar lá;, considera.
As políticas sustentáveis, entretanto, nem sempre, trazem resultados imediatos. ;Vai indo aos poucos. Houve um grande avanço com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), à época do Plano Real, enquadrando os estados. Mas foi um difícil processo ao longo do tempo;, lembra.