Simone Kafruni
postado em 01/07/2019 20:01
Olhar para o futuro do papel do regulador é garantir proatividade para que os modelos novos de negócio se adaptem rapidamente. A afirmação foi feita pelo diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello, no painel O Brasil do futuro: um mundo novo a ser explorado, tecnologias e dinheiro, durante o Correio Debate 25 Anos do Real. Segundo ele, a estabilidade da moeda permitiu à autoridade monetária avançar no sentido de buscar mais eficiência ao Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Pinho de Mello explicou a missão do BC para dar uma perspectiva sobre o Plano Real, que foi exitoso. ;Assegurar a estabilidade da moeda com cumprimento de meta da inflação e assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente são as missões da autoridade monetária;, disse. A primeira missão, ressaltou o diretor, é motivo de comemoração dos 25 anos do real. ;A despeito de discordâncias, é notável o que nós conseguimos fazer no que se refere a estabilização monetária;, afirmou.
Sobre o segundo quesito, Pinho de Mello garantiu que o Brasil tem um sistema ;incrivelmente sólido;. ;Nós tivemos uma recessão, com uma perda do PIB (Produto Interno Bruto) per capita de mais de 8 pontos percentuais, que não foi causada nem teve como consequência uma crise bancária, o que é algo bastante notável;, justificou. Segundo ele, não há como negar o êxito nos dois quesitos. Contudo, a segunda missão é desdobrada em duas: além de sólido o sistema tem que ser eficiente.
;Nós construímos um sistema sólido e agora é preciso centrar esforços na conclusão de um sistema financeiro ainda mais eficiente. É sinal de maturidade da sociedade brasileira e do governo que o debate hoje esteja mais dentro de temas como juros spread bancário, fintechs, intermediação financeira, mudanças regulatórias, isso significa que nós resolvemos boa parte da agenda para dar espaço para a próxima;, assinalou.
O foco do BC, segundo o diretor, agora é dar segurança aos novos modelos de negócios, sem detrimento da inovação; estimular a entrada de novos concorrentes não tradicionais, garantir que todos os processos sejam baseados na proteção de dados dos consumidores do Sistema Financeiro Nacional (SFN). ;Também temos que difundir as informações de crédito, para que todos os concorrentes possam competir em igualdade de condições. Se um credor tem mais informações do que outro, é natural que consiga dar crédito em condições mais vantajosas;, explicou.
Por fim, Pinho Mello destacou que o BC está focando em desenvolver a intermediação do futuro. ;Para o Banco Central, isso envolve dois projetos: o open banking, que é a difusão sem o consentimento do usuário das suas informações para que possa receber propostas de crédito mais regulares, por exemplo, de fintechs; e um projeto de pagamentos instantâneos, como funciona em alguns países, onde é possível pagar por whatsapp;, afirmou.