Agência Estado
postado em 02/07/2019 10:01
Os juros futuros abriram estáveis nesta terça-feira, 2, e pouco depois renovaram mínimas em viés de baixa. A queda na parte longa da curva continua de forma branda, sendo que, na mínima, o DI para janeiro de 2025 marcou 7,00% e indica que está prestes a romper o nível dos 7%.
Na avaliação do economista-chefe do Haitong, Flávio Serrano, o fechamento da curva acontece, basicamente, por causa do otimismo do mercado com o andamento da reforma da Previdência, como observado na segunda-feira ao longo de toda sessão. A votação do relatório na comissão especial, que era prevista para esta terça, já não tem uma data marcada, porém a leitura do relatório de Samuel Moreira (PSDB-SP) está programada para esta terça, segundo reportagem do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Às 9h, o IBGE divulgou que a produção industrial caiu 0,2% em maio ante abril. O recuo foi menor que a mediana das projeções mas confirma a fraqueza da atividade econômica neste ano. Na avaliação do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, o resultado mostra que o Brasil está na "borda" de recessão técnica no segundo trimestre. A projeção para o crescimento do PIB no período é zero e no ano, 0,7%. "Mas o risco é de baixa", disse em entrevista ao Broadcast. "A fraqueza da indústria reflete fatores pontuais e baixa produtividade. (...) "Há espaço para corte da Selic este ano, depende só da reforma", afirmou o economista.
Às 9h41, o DI para janeiro de 2023 estava na mínima a 6,55% ante 6,59% no ajuste de segunda. O DI para janeiro de 2020 tinha mínima a 5,96% ante 5,97% no ajuste de segunda. O DI para janeiro de 2021 marcava mínima a 5,79% ante 5,80% no ajuste de segunda. Pouco depois, o DI para janeiro de 2025 rompia o nível dos 7% e tinha mínima a 6,99% ante 7,05% no ajuste de segunda.
Um destaque nesta manhã foi a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento em Zurique, na Suíça. Campos Neto afirmou que está preocupado com a baixa retomada da atividade global. Também disse que a margem dos bancos centrais no mundo está menor. "Meu temor é como isso interfere no crédito", afirmou o brasileiro. Ele também destacou que ainda há muito ruído em relação às reformas estruturais no Brasil, mas que a PEC da Previdência tende a ser votada nas próximas semanas. "A questão é saber se esta reforma é suficiente; há outras reformas a serem feitas", disse Campos Neto, acrescentando que há indicações de que a reforma tributária também progredirá. "Mas não é assunto de BC", afirmou.
A mensagem do presidente do BC brasileiro foi considerada igual à de comunicações recentes da autoridade monetária pelo economista-chefe do Haitong Banco de Investimento do Brasil, Flávio Serrano. O economista pontuou que o BC tem reiterado que o cenário de inflação melhorou, mas que o risco preponderante é a não aprovação da reforma da Previdência. "Se os juros continuarem caindo hoje (terça) é por conta do otimismo com a reforma", disse Serrano. Na segunda taxas renovaram pisos históricos, com destaque para a parte longa da curva.
O Tesouro Nacional realiza nesta terça-feira leilão de venda de até 1,150 milhão de Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B), papéis que são indexados ao IPCA. O acolhimento das propostas será feito entre 11h e 11h30, com divulgação de resultados a partir das 11h45, por intermédio do Banco Central.