Economia

Mercosul pode fechar mais acordos comerciais até o fim do ano, diz Araújo

Titular do Ministério das Relações Exteriores acredita que bloco econômico sul-americano tem condições de assinar pelo menos duas novas parcerias ainda em 2019

Augusto Fernandes
postado em 02/07/2019 12:38
Ernesto Araújo apresentou detalhes do acordo Mercosul-União EuropeiaEm entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira (2/7), no Palácio do Itamaraty, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, revelou que o Mercosul "tem condições" de fechar ao menos mais dois acordos comerciais até o fim de 2019. Segundo ele, isso será possível graças ao pacto fechado na sexta-feira (28/6) com a União Europeia, que "destrava e acelera outras negociações".

[SAIBAMAIS]De acordo com Araújo, o Mercosul tem negociações avançadas com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês), e com o Canadá. Além disso, ele comentou que o bloco "está trabalhando duro" com Cingapura e "avançando" com a Coreia do Sul.

"Temos condições de fechar mais dois acordos neste semestre. Não serão acordos nos mesmos moldes da UE. Cada acordo tem que seguir um modelo diferente. Cada parceiro tem características diferentes", explicou.

O chanceler ainda declarou que o Brasil "assume agora a presidência do Mercosul", e que pretende conversar com os demais países membros do Mercosul ; Argentina, Paraguai e Uruguai ;, para avançar nas negociações de acordos com países como Estados Unidos, Japão e Líbano.

"Pretendemos muito em breve fechar novos acordos. Cada acordo que a gente conclui é mais fácil concluir os próximos. Cada acordo que você faz, você se torna um parceiro mais interessante para aquele com quem você não tem acordo", afirmou Araújo.

Polêmicas com a França

Para entrar em vigor provisoriamente, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado. Fora do Brasil, o acordo tem de receber o aval do Parlamento Europeu e a ratificação dos demais países do Mercosul.

O ministro espera que as assinaturas sejam feitas o mais breve possível, pois o acordo "abre nova visão de inserção internacional do Brasil, coloca o país no centro das grandes decisões mundiais e faz do Brasil um país mais competitivo e com economia mais sólida".

No entanto, o pacto deve encontrar resistência. Membros do governo da França já anunciaram que o país não está pronto para assinar o documento por enquanto. A porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye, declarou à uma TV local que "vamos observar com atenção e, com base nestes detalhes, vamos decidir".

Ndiaye explicou que a França quer garantias dos países sul-americanos para que o pacto não prejudique agricultores franceses. Além disso, ela frisou que deputados do Parlamento Europeu só apoiarão a ratificação do acordo caso o desmatamento na Amazônia seja controlado.

O ministro francês do Meio Ambiente, François de Rugy, reforçou o posicionamento e comentou que uma eventual assinatura da União Europeia só acontecerá "se o Brasil respeitar os seus compromissos".

"A nova Comissão Europeia e sobretudo o Parlamento Europeu irão analisar minuciosamente esse acordo antes de ratificá-lo. É preciso lembrar a todos os países, entre eles o Brasil, de suas obrigações. Quando assinamos o Acordo de Paris colocamos em prática uma política que permite atingir objetivos de redução de emissão de gases de efeito estufa e de proteção da Floresta Amazônica", disse.

Nesta terça, Araújo rebateu as afirmações dos franceses. "Esse tipo de declaração visa muito o público interno. Não é o caso de reagir a essas declarações. No momento, nenhum país está pronto para ratificar dentro da questão constitucional", defendeu.

O ministro das Relações Exteriores também cobrou que os países da União Europeia cumpram com os seus compromissos e criticou problemas ambientais do continente, ao dizer que "a grande crise em termos de problema sanitário surgiu na Europa, que foi a doença da vaca louca".

"O meio ambiente, colocam como se fosse um tema europeu apenas, mas é nosso também. A grande maioria dos países europeus tem um uso de agrotóxico por hectare maior que o Brasil. Também queremos que isso seja feito de maneira sustentável", destacou.

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