Economia

Acordo entre Mercosul e UE abre caminho para a indústria têxtil brasileira

Ramo da indústria deve ser um dos beneficiados pelo tratado, e já trabalha com previsão para elevar as vendas ao exterior. Área de fibras naturais é uma das mais competitivas

Luiz Ribeiro/Estado de Minas
postado em 04/07/2019 12:51
Setor têxtil esperava pelas condições negociadas há 20 anos O acordo de livre comércio firmado entre o Mercosul e a União Europeia (UE) será benéfico para a indústria têxtil, que comemorou o tratado, discutido há cerca de 20 anos, e vê nele possibilidades de melhoria para o setor no Brasil e no mundo. A avaliação é do empresário Josué Gomes da Silva, presidente do Grupo Coteminas, um dos principais conglomerados têxteis do Brasil.

;Esse acordo traz perspectivas muito positivas a médio longo prazo;, afirma Gomes da Silva, ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) e do The International Textile Manufacturer Federation (ITMF), entidade que representa fabricantes mundiais da cadeia têxtil. ;Temos que comemorar".
O setor têxtil foi um dos primeiros setores da indústria a apoiar e trabalhar por esse acordo que agora, finalmente, foi assinado;, afirmou o empresário. Ele disse que o segmento iniciou a luta pelo acordo de livre comércio entre países do Mercosul e a União Europeia há 20 anos.

;(A assinatura do acordo) foi uma vitória para a área têxtil e para vários outros setores industriais, para a agroindústria e para a economia nacional;, enfatizou o presidente do Grupo Coteminas. Josué Gomes da Silva destacou que, ao trazer impactos para a produção têxtil de forma global, o acordo comercial entre os representantes do Mercosul e da União Europeia terá reflexos praticamente em todo o mundo.
O empresário foi homenageado ontem com a Medalha de Honra de Montes Claros, maior comenda da Câmara de Vereadores local, entregue, anualmente, no dia 3 de julho, quando se comemora o aniversário da cidade. O Grupo Coteminas foi fundado em Montes Claros, onde conta com três unidades fabris.

Josué Gomes da Silva anunciou que o grupo está ampliando suas atividades no município, onde, recentemente, decidiu pela contratação de mais 400 trabalhadores. A Coteminas negociou com o governo municipal a transferência da sede da prefeitura de Montes Claros para uma das antigas unidades do grupo na cidade, situada perto do aeroporto local.

Filho do ex-presidente e fundador da Coteminas, José Alencar, Josué disse apostar na recuperação da economia nacional e defendeu as reformas no país.

;O Brasil é um país que está enfrentando os desafios. Precisamos da simplificação e do aprimoramento da legislação. Precisamos de infraestrutura ; para que seja melhor e mais competitivas. Precisamos de segurança jurídica. Precisos de custo de capital compatível com as atividades produtivas;, afirmou o presidente da Coteminas.

Vinhos

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, confirmou que o setor de vinhos e espumantes receberá ajuda do governo nos próximos anos devido ao acordo entre Mercosul e União Europeia.

;Tem um esforço internamente para que esse setor receba ajuda e assim possa se modernizar. Vamos ter a criação de um fundo para investir em produção e modernização do setor;, afirmou a ministra em coletiva de imprensa.

De acordo com a ministra, os recursos do vinho nacional e do importado virão do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do imposto sobre a produção local.

Eventualmente, o setor poderá receber recursos da União. ;Se entrarem 1vmil garrafas de vinho, o IPI sobre essas garrafas irá para o fundo e o que se paga internamente de IPI também vai para o fundo;, afirmou Tereza Cristina.

;Isso deve entrar em vigor o mais rápido possível;, defendeu a ministra. O embaixador Orlando Ribeiro disse que não há um valor fechado para o fundo, porque se trata de um ;fluxo;.

;A gente calcula que seja bom algo em torno de R$ 150 milhões por ano para poder trabalhar e dar musculatura ao setor;, disse o embaixador. Os vinhos terão um período de oito anos de desgravação, segundo o acordo.

Precaução

A ministra Tereza Cristina admitiu que a inclusão do ;princípio de precaução; no capítulo de desenvolvimento sustentável do acordo entre Mercosul e União Europeia pode ter impacto para os produtores rurais brasileiros, mas pondera que, na prática, ;isso não muda nada; devido a regras já existentes no país.

Ela também destacou como ponto positivo o fato de o princípio não ter sido incluído no capítulo que trata de questões sanitárias e fitossanitárias, uma demanda dos europeus que ficou fora do acordo.

;Colocamos várias garantias para que isso (princípio de precaução) não fosse usado politicamente, mas é claro que pode impactar sim. Acho que não muda nada para nós porque onde a produção está, ela tem que estar legalizada, em propriedades que estejam dentro do nosso Código Florestal;, declarou.

BR Distribuidora busca R$ 9,3 bilhões


A BR Distribuidora publicou ontem aviso ao mercado financeiro a respeito da oferta de ações na qual a vendedora é a Petrobras. Serão colocadas para atrair investidores de 25% a 33,75% da participação detida pela Petrobras na distribuidora de combustíveis. A quantidade inicial de ações na oferta, que ocorre no Brasil e com esforços no exterior, é de 291.250.000 ações ordinárias, com opção de lote adicional de 20% e suplementar de 15%.

Se exercidos totalmente, ao preço do fechamento da ação no pregão de terça-feira, de R$ 23,60, a operação pode movimentar cerca de R$ 9,27 bilhões. Pessoas físicas podem participar no âmbito da oferta de ações na operação de varejo, com no mínimo 10% e, a critério dos coordenadores da oferta e do acionista vendedor, no máximo, 20% do total das ações, com pedidos de investimento de R$ 1 mil (mínimo) até R$ 1 milhão (máximo).

O período de reserva começa dia 10 e se encerra no dia 22. O preço da ação será definido no dia 23, com o fechamento do procedimento de coleta de intenções de investimento, o chamado bookbuilding, iniciado ontem.
A previsão de obter o registro da oferta pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é no dia 24, seguido pelo início das negociações das ações prevista na oferta na B3 (a antiga Bolsa de Valores de São Paulo) no dia 25 e a liquidação, dia 26.

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