Economia

Distribuição desigual de renda

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 06/07/2019 04:20

Houve períodos de crescimento econômico mesmo durante os anos de inflação alta, mas com distribuição desigual da riqueza, a grande distorção gerada pela hiperinflação. Entre 1980 e 1993, ou seja, antes do Plano Real, a taxa média anual de inflação foi de 428,11%, e a de crescimento do PIB, de 2,1%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Portanto, não muito abaixo da média pós-Real. ;As classes média e alta têm lembranças positivas da época da inflação, porém, o crescimento não gerava benefícios no andar de baixo. O primeiro impacto na distribuição de renda foi o Plano Real, e o segundo, os programas sociais, como Bolsa Família. O problema é que não estamos crescendo;, pondera o economista Felipe Salto, da Instituição Fiscal Independente (IFI).

;O maior benefício do Plano Real foi acabar com a inflação inercial, provocada pelo reajuste constante dos preços, por falta de confiança;, lembra Paulo Feldmann, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP). ;Os ricos se protegiam no over night (aplicação diária com correção monetária), e os pobres corriam para os supermercados tentando chegar antes de mais um reajuste de preços. Era uma distorção enorme.;

Segundo Silvia Matos, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), a inflação é especialmente cruel para a população pobre, porque o peso dos alimentos na cesta que mede o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) é bem maior, pois há maior volatilidade no valor dos produtos alimentícios. De acordo com o IPCA que mede a variação de preços para famílias com renda de até 2,5 salários mínimos, a inflação acumulada nos últimos 12 meses (medida em maio) pesou mais: 5,49%, enquanto o IPCA geral, que mede a inflação para um conjunto fixo de bens e serviços habituais de famílias com nível de renda situado entre um e 33 salários mínimos, ficou em 5%.

Para ela, o controle da inflação virou um bem da sociedade. Na avaliação da especialista, os problemas de popularidade da então presidente Dilma Rousseff começaram quando ela passou a tolerar inflação em nome do crescimento econômico. Em 2010, o índice chegou a 10,67%, a segunda vez que atingiu dois dígitos, depois da implementação do Plano Real. A primeira foi em 2002, ano da eleição do presidente Lula. A instabilidade e a desconfiança política na campanha eleitoral fizeram o índice subir para 12,53%. (CD)

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